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15/08/2019

Fórum de Editores Científicos questiona metodologia da Capes

Flávia Lobato (Portal de Periódicos Fiocruz)


Em sua mais recente reunião, realizada no dia 7 de agosto, o Fórum de Editores Científicos da Fiocruz debateu a proposta da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para classificação das revistas no Qualis Periódicos. A nova metodologia - que tem como base uma única classificação de referência para cada periódico (Qualis Único) - é questionada por membros do Fórum, na medida em que há diferenças significativas entre as áreas de produção e difusão do conhecimento. Estas e outras ponderações foram sistematizadas numa carta aberta, assinada por quatro revistas científicas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Além da fundamentação crítica à proposta do Qualis Único, os editores manifestam sua preocupação no que diz respeito à falta de debate e transparência para a definição dos critérios. "Essa classificação foi divulgada sem ser acompanhada pelos dados originais, impossibilitando, portanto, a análise aprofundada e comparada dos resultados da aplicação da metodologia entre áreas distintas", escrevem.

Eles lembram, ainda, que há diversas partes interessadas nos indicadores de avaliação da pesquisa, dado seus efeitos diretos sobre o financiamento de programas de pós-graduação e das revistas científicas. Neste sentido, criticam a adoção de modelos que se espelham em políticas de países do Hemisfério Norte, e não devem ser aplicadas diretamente ao Brasil.

No documento, os membros do Fórum reiteram as críticas aos indicadores bibliométricos, tratadas por pesquisadores de vários países em importantes guias da avaliação científica - a San Francisco Declaration on Research Assessment (Dora) e o manifesto de Leiden -, destacando “(...) o fator de impacto pode ser manipulado; mesmo dentro da mesma revista, os artigos têm número citações extremamente variado”.

Num cenário de crise, em que o próprio valor do conhecimento científico tem sido alvo de ataques, ao mesmo tempo em que as áreas de pesquisa e educação sofrem cortes sucessivos de recursos, os signatários da carta questionam: “Até quando ficaremos discutindo classificações que pouco contribuem para a avaliar a qualidade real da produção de conhecimento?”.

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