Uma equipe de 25 técnicos coordenada pelo Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz em Pernambuco, deu início ao trabalho de campo do projeto de pesquisa que vai avaliar o impacto do programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) na saúde de famílias que receberam os reservatórios de água em 21 municípios do Agreste Central de Pernambuco. O trabalho, desenvolvido em parceria com a Agência de Saúde Pública do Canadá (ASPC), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Articulação do Semi-Árido (ASA), vai aplicar questionários para coletar informações sobre a incidência de diarréia, a ocorrência de doenças de pele, verminoses e as enfermidades provocadas por falta de higiene nos olhos, a exemplo da conjuntivite.
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O estudo ajudará a fortalecer as políticas de acesso à água (Foto: Bruna Cruz) |
“O conhecimento científico sobre o impacto das cisternas na saúde da população desses municípios dará subsídios para fortalecer tanto o P1MC quanto as políticas de acesso à água com qualidade”, explicou o coordenador local do trabalho e pesquisador André Monteiro, do Departamento de Saúde Coletiva (Nesc) do CPqAM. As informações estão sendo coletadas nos municípios de Agrestina, Altinho, Brejo da Madre de Deus, Bezerros, Cachoeirinha, Camocim de São Félix, Caruaru, Cupira, Gravatá, Ibirajuba, Jataúba, Lagoa dos Gatos, Panelas, Riacho das Almas, Sairé, Santa Cruz do Capibaribe, São Caetano, São Joaquim do Monte, Tacaimbó, Taquaritinga do Norte e Toritama.
Técnicos selecionados pela Cáritas Diocesana de Caruaru, que participa da ASA e é a gestora do programa no Agreste Central de Pernambuco, aplicarão 820 questionários, sendo para 410 famílias com cisternas e 410 sem o equipamento. Metade dos domicílios receberá uma planilha com os nomes dos moradores para que possam registrar a ocorrência de diarréias durante dois meses. A previsão é que todo o trabalho de campo ocorra até o início de outubro. O material coletado será comparado com os dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) e do Programa de Monitoramento de Doenças Diarréicas Agudas (MDDA), de 2002 a 2005.
O projeto foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), pois envolve organismos internacionais. Os primeiros resultados descritivos devem ser avaliados em oficina de trabalho com os pesquisadores do Canadá e da Opas em dezembro. Até o momento, nenhuma iniciativa semelhante à pesquisa do CPqAM havia sido realizada na região. A pesquisa conta com o apoio da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) e da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). O P1MC é financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.