06/11/2020
Realizado pela Fiocruz, o Boletim InfoGripe aponta que algumas capitais do país continuam apresentando sinal de crescimento de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG). Referente à Semana Epidemiológica (SE) 44, período de 25 a 31 de outubro, a análise aponta que 18 das 27 capitais brasileiras apresentam sinais de estabilidade ou crescimento na tendência de longo prazo (seis semanas). Feito com base nos dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 2 de novembro, o estudo traz números de casos e óbitos em nível nacional, por estados, regiões, macrorregiões e capitais. Entre os resultados positivos para os vírus respiratórios, cerca de 97,7% são em consequência do novo coronavírus.
No Brasil, os casos notificados de SRAG/Covid-19, independentemente de presença de febre, apresentam tendência de queda, mas com dados semanais na zona de risco e ocorrências de casos semanais muito alta. Também nas regiões, o número de óbitos por SRAG e por SRAG por Covid-19 encontra-se na zona do risco e com ocorrência de casos muito alta. Uma exceção é a região Sul, onde o número de mortes encontra-se em nível epidêmico.
Segundo o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, das 18 capitais, nove apresentam sinal de crescimento moderado (prob. > 75%) ou forte (prob. > 95%) na tendência de longo prazo: Florianópolis, João Pessoa, Maceió, Belém, Fortaleza, Macapá, Natal, Salvador e São Luís. As capitais Florianópolis, João Pessoa e Maceió apresentam sinal forte de crescimento no longo prazo. Florianópolis já acumula cerca de seis semanas consecutivas com sinal de crescimento na tendência de longo prazo. João Pessoa e Maceió completam cinco e quatro semanas consecutivas com sinal de crescimento, respectivamente.
Ainda em relação às capitais, em Belém (PA), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Natal (RN), Salvador (BA) e São Luís (MA), o sinal é de crescimento moderado para a tendência de longo prazo. São Luís registra sinal de crescimento na tendência de longo prazo nas últimas 6 semanas. Belém, Fortaleza e Salvador completam cinco semanas consecutivas com sinal de crescimento de longo prazo, enquanto Maceió apresenta essa tendência há quatro semanas e Natal nas últimas duas semanas.
O coordenador do InfoGripe observa que São Paulo (SP), que apresentou sinal de crescimento no boletim anterior, retornou ao sinal de estabilidade, porém mantendo o sinal de que houve leve aumento na semana 43. No entanto, destaca o pesquisador, embora não haja uma retomada de crescimento, a tendência de queda continua interrompida, sendo recomendável cautela às autoridades e à população em relação às medidas de flexibilização.
Em Manaus, houve manutenção do sinal de estabilidade na tendência de curto prazo para as últimas duas semanas, com o sinal de longo prazo em estabilidade na SE 44, porém ainda de crescimento na SE 43. Marcelo Gomes ressalta que esse quadro confirma o cenário reportado no Boletim anterior de formação de platô em nível inferior ao observado no período de pico, porém superior a 10 casos semanais por 100 mil habitantes: significativamente acima do platô observado no mês de julho.
“Em Porto Alegre (RS), apesar da interrupção da tendência de queda entre a segunda quinzena de setembro à segunda quinzena de outubro, volta a apresentar sinal moderado de queda na tendência de longo prazo. Porém, o cenário ainda é de cautela e de reforço das recomendações de medidas preventivas, para que seja retomado o cenário de queda sustentada”, alertou o pesquisador.
Já Santa Catarina, segundo o Boletim, além de completar seis semanas com sinal de crescimento na capital Florianópolis, apresenta quatro das suas sete macrorregiões de saúde com sinal de crescimento na tendência de longo prazo.
Conforme descrito nos avisos deste boletim, a tendência reportada para Cuiabá (MT) não é confiável, uma vez que se observou grande diferença entre os dados de SRAG do estado reportados no Sivep-Gripe, utilizados pelo InfoGripe, e aqueles reportados no sistema próprio do estado, com grande subnotificação no Sivep-Gripe.
Situação nacional
Já foram reportados este ano e 531.030 casos, sendo 291.220 (54,8%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 165.163 (31,1%) negativos, e ao menos 42.536 (8,0%) aguardando resultado laboratorial. Levando em conta a oportunidade de digitação, estima-se que já ocorreram 552.695 casos de SRAG, podendo variar entre 545.475 e 564.028 até o término da SE 44. Entre os positivos, 0,4% foram casos de Influenza A; 0,2%, Influenza B; 0,4%, vírus sincicial respiratório (VSR); e 97,7%, Sars-CoV-2 (Covid-19).
Considerando a presença de febre nos registros, conforme definição internacional de SRAG, o total de casos notificados foi de 359.564, com estimativa de 371.805 [367.722 – 377.242]. Para fins de comparação, o total de registros em todo o ano de 2019 e 2016 foram de 39.429 e 39,871 casos, respectivamente. O total de registros de hospitalizações ou óbitos no Sivep-gripe, independente de sintomas, é de 859.518 casos, com estimativa atual de 901.261 [887.472 – 923.654].