07/12/2023
João Pedro Sabadini (Agência Fiocruz de Notícias)
O novo boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (7/12), repete o cenário heterogêneo no quadro das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) por Covid-19 no país mostrado nos boletins anteriores. Enquanto o Centro-Sul brasileiro - em sua grande maioria e incluindo os que indicavam aumento recente, como Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul -, apresenta sinal de queda, o Nordeste tem cada vez mais um maior número de estados apontando para início desse ciclo. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 48, de 26 de novembro a 2 de dezembro, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 4 de dezembro.
O destaque no cenário da Covid-19 fica para os estados do Nordeste. A Bahia, por exemplo, que apontava uma desaceleração no aumento semanal na última atualização, voltou a ganhar mais força novamente. Outros que apresentam sinal de crescimento são Ceará, Pernambuco, Maranhão e Piauí - este último ainda incipiente, mas incluído no bloco devido ao cenário na região.
O Centro-Sul, por sua vez, tem um cenário de queda. Estados que haviam iniciado o processo de crescimento há alguns meses, por volta de setembro e outubro, já mantêm a redução há várias semanas. Aqueles que ainda estavam em situação de aumento, como Minas Gerais, Santa Catarina e Espírito Santo, já mostram sinais de interrupção. “Santa Catarina já vinha, desde o boletim da semana passada, apontando nessa direção. Minas Gerais, que passou por um longo período, finalmente já dá sinais de que pode estar interrompendo esse aumento. A mesma coisa para o Espírito Santo, que passou apenas por uma pequena oscilação”, diz o pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes.
Nas últimas oito semanas, a incidência e mortalidade de SRAG mantém o padrão típico de maior impacto entre crianças pequenas e idosos. A mortalidade da SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com predomínio de Covid-19.
No Amapá, o InfoGripe aponta aumento de internações por SRAG, mas apenas nas crianças pequenas, não estando associadas à Covid-19.
Estados e capitais
Nesta atualização, sete estados apresentaram sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Piauí e Roraima. No Amapá, o crescimento é lento e concentrado em crianças, ainda sem resultado laboratorial suficiente para identificação de possível agente causador, mas possivelmente sem relação com a Covid-19. Já na Bahia, Ceará, Espírito Santo e Maranhão, o sinal está associado à Covid-19. Na Bahia, há retomada do crescimento após breve desaceleração. No Ceará e Maranhão, há um leve aumento recente, indicando possível início de ciclo. Também se observa a manutenção do crescimento lento dos casos associados à Covid-19 em Pernambuco. Em Roraima e no Piauí, o sinal de aumento observado é compatível com oscilação, apenas. Em relação ao Piauí, no entanto, o cenário atual da Covid-19 em alguns estados do Nordeste sugere atenção.
Já no Espírito Santo, embora o indicador associado às últimas seis semanas ainda aponte crescimento, os dados das últimas três semanas indicam possível interrupção nesse crescimento. Em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, que apresentaram sinal de alerta nos boletins anteriores em relação à Covid-19, também se nota interrupção do crescimento na presente atualização.
Entre as capitais, dez apresentam sinal de aumento: Aracaju (SE), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Salvador (BA), São Luís (MA), Teresina (PI) e Vitória (ES). Em Fortaleza e Salvador, o cenário é decorrente da Covid-19, especialmente na população de idade avançada. Em Aracaju, Campo Grande, Florianópolis, João Pessoa, São Luís, Teresina e Vitória, o sinal é compatível com oscilação, porém o cenário dos respectivos estados sugere cautela. Em Macapá, o crescimento recente se concentra em crianças pequenas, não estando associado à Covid-19.
Resultados positivos de vírus respiratórios e óbitos
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de: influenza A (1,2%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (10,8%); e Sars-CoV-2/Covid-19 (63,8%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de: influenza A (0%), influenza B (0,5%), vírus sincicial respiratório (1,1%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (94%).
Referente ao ano epidemiológico 2023, já foram notificados 166.336 casos de SRAG, sendo 65.754 (39,5%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 84.608 (50,9%) negativos, e ao menos 7.486 (4,5%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, 7,2% são influenza A; 3,7% são influenza B; 33,4% são vírus sincicial respiratório (VSR); e 34,2% são Sars-CoV-2 (Covid-19).
Referente aos casos de SRAG de 2023, independentemente da presença de febre, já foram registrados 10.518 óbitos, sendo 5.432 (51,6%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 4.347 (41,3%) negativos, e ao menos 204 (1,9%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, 9,1% são influenza A; 4,6% são influenza B; 6,9% são vírus sincicial respiratório (VSR); e 72,5% são Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 0% influenza para A; 0,5% para influenza B; 1,1% para vírus sincicial respiratório; e 94% para Sars-CoV-2 (Covid-19).