07/03/2024
João Pedro Sabadini (Agência Fiocruz de Notícias)
O Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (7/3), aponta aumento em todo o país no número de novos casos semanais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Estados de todas as regiões mostram crescimento, mas com distinções em relação aos vírus respiratórios. No Centro-Sul prevalece a Covid-19. No entanto, as regiões Sudeste e Sul, além da Covid, apresentam um quadro de influenza (vírus da gripe), demonstrando uma cocirculação. No Nordeste e no Norte a influenza também se destaca pelo crescimento, especialmente na população adulta. O novo cenário mostra ainda que o vírus sincicial respiratório (VSR) volta a aparecer em diversos estados, afetando crianças pequenas e idosos. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 9, de 25 de fevereiro a 2 de março, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 4 de março.
Além do aumento do número de casos de Covid-19 e de influenza nas últimas semanas, o pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, alerta para o crescimento do vírus sincicial respiratório, que afeta mais as crianças e os idosos: “vemos o aumento desse impacto principalmente em crianças pequenas, de até dois anos de idade, mas sabemos também que os idosos têm um risco de vir a falecer por conta do VSR. Então, com a retomada desse vírus, tanto crianças pequenas quanto idosos têm que ficar atentos. E o VSR, em particular, vemos em todas as regiões do país com sinal de retomada, o que pode naturalmente estar associado justamente à volta às aulas, sendo um grande facilitador. Então é um cenário que requer bastante atenção”.
Diante dos contextos, Gomes destaca as principais ações a serem adotadas. Em relação à Covid-19 e à gripe, o pesquisador ressalta que a vacina é uma das principais ferramentas de enfrentamento. “Além disso, é bom lembrarmos que o uso de boas máscaras (N95 e PFF2) funciona para qualquer um desses vírus. Diminui o risco de contrair vírus respiratório, principalmente nas unidades de saúde que, neste momento, estão recebendo muita gente infectada”. Outra recomendação do pesquisador é buscar atendimento médico em caso de surgimento de sintomas parecidos com resfriado – especialmente àqueles que fazem parte de grupo de risco –, para seguir com o tratamento adequado à eventual doença.
A atualização mostra que, no agregado nacional, há sinal de crescimento tanto na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) quanto na de curto prazo (últimas três semanas). Nas últimas oito semanas a incidência e mortalidade de SRAG mantém o padrão típico de maior impacto entre crianças pequenas e idosos. “A incidência de SRAG por Covid-19 apresenta maior impacto nas crianças de até 2 anos e na população a partir de 65 anos. Outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG nas crianças pequenas são o vírus sincicial respiratório (VSR) e o rinovírus. Já a mortalidade da SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com predomínio de Covid-19”, observa Gomes.
Estados e capitais
Na presente atualização, 23 unidades da Federação apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins. Entre as capitais, 18 mostram indícios de crescimento: Aracaju (SE), Belém (PA), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Macapá (AP), Maceió (AL), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Resultados positivos de vírus respiratórios e óbitos
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (12,8%), influenza B (0,2%), vírus sincicial respiratório (11,1%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (67,7%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (3,3%), influenza B (0,0%), vírus sincicial respiratório (0,0%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (93,8%).
Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 13.635 casos de SRAG, sendo 5.285 (38,8%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 5.576 (40,9%) negativos e ao menos 1.955 (14,3%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, tem-se influenza A (9,3%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (11,4%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (68,6%).
Referente aos casos de SRAG de 2024, independentemente da presença de febre, já foram registrados 968 óbitos, sendo 579 (59,8%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 317 (32,7%) negativos e ao menos 40 (4,1%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, tem-se influenza A (3,8%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (0,9%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (92,6%). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de influenza A (3,3%), influenza B (0,0%), vírus sincicial respiratório (0,0%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (93,8%).