25/01/2022
Camile Duque (Agência Fiocruz de Notícias)
Divulgada nesta terça-feira (25/1), a nova edição do Boletim InfoGripe Fiocruz indica que os casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), independentemente da presença de febre, apresentam sinal forte de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Percebe-se que a tendência se mantém desde a Semana Epidemiológica (SE) 48, que remete ao início de dezembro de 2021. Vinte e cinco Unidades da Federação apresentam ao menos uma macrorregião de saúde com nível de casos semanais de SRAG considerado muito ou extremamente alto, somando um total de 79 das 118 macrorregiões de saúde do país. Referente à SE 3 (período de 16 a 22 de janeiro), a análise tem como base dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 24 de janeiro.
Com relação ao ano epidemiológico 2022, já foram notificados 22.465 casos de SRAG, sendo 8.749 (38,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 5.848 (26,0%) negativos, e ao menos 5.997 (26,7%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os casos positivos do ano corrente, 15,1% são Influenza A, 0,1% Influenza B, 3,1% vírus sincicial respiratório (VSR), e 73,3% Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 23,4% Influenza A, 0,2% Influenza B, 3,9% vírus sincicial respiratório, e 65,2% Sars-CoV-2 (Covid-19).
Observa-se crescimento em todas as faixas etárias da população adulta, desde o final de novembro e início de dezembro, até o presente momento. Tal cenário só não é observado na faixa de (0-9 anos), que se mantinha desde o mês de outubro de 2021, e ao final de dezembro apresenta reversão do crescimento, e entre os adolescentes de (10-19 anos), que apresentaram leve queda ao final de dezembro, porém com sinal de possível retomada do crescimento em janeiro. “Esta reversão na tendência de novos casos em crianças pode estar associada à redução na transmissão de casos de vírus sincicial respiratório (VSR) e de Influenza (gripe), que eram as principais causas de SRAG nessa faixa etária, enquanto os casos associados à Covid-19 aparentam manter crescimento. Na faixa etária entre 10 e 19 anos, a leve queda ao final de janeiro está associada à diminuição nos casos de Influenza, porém a queda foi interrompida em função do aumento nos casos de Covid-19”, explica Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
De acordo com o Boletim, resultados laboratoriais apontam em todas as faixas etárias aumento significativo de casos associados ao vírus Influenza A (gripe) ao final de novembro e ao longo do mês de dezembro, tendo inclusive superado os registros de Covid-19 em algumas destas semanas. Embora os dados associados às últimas semanas ainda sejam parciais, há indício de que a epidemia de Influenza já tenha iniciado o processo de queda na maior parte do país, com exceção de alguns estados.
Em relação à Covid-19, os dados relativos ao final de dezembro e primeira semana de janeiro já apontam para a retomada do cenário de predomínio da Covid-19 e manutenção do crescimento até o momento. Mesmo na população infantil (0-9 anos), para a qual os vírus sinciciais respiratórios (VSR) e Influenza A ainda prevaleciam, também se observa tendência de aumento nos casos positivos para Covid-19, já superando os demais que aparentam manutenção da tendência de queda.
Estados
A análise aponta que 25 das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a Semana Epidemiológica (SE) 3. Embora Rondônia (RO) apresente sinal de estabilidade na tendência de longo prazo, a tendência das últimas três semanas é de crescimento. Apenas o Espírito Santo (ES) não apresenta sinal de crescimento em nenhuma das duas tendências analisadas, estando com sinal de queda na análise de longo prazo, e estabilidade no curto prazo. Todos os estados que apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo estão com o indicador em nível forte (probabilidade > 95%), exceto Roraima (RR) que apresenta sinal moderado (probabilidade > 75%). Em 25 das 27 Unidades da Federação há pelo menos uma macrorregião de saúde com nível de casos semanais considerado muito alto ou extremamente alto. No Maranhão (MA) e em Rondônia (RO), as macrorregiões de saúde correspondentes encontram-se em nível alto.
Capitais
Nas capitais, observa-se que 23 das 27 apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até Semana Epidemiológica (SE) 3. Porto Velho (RO) e Vitória (ES), embora apresentem sinal de estabilidade e queda na tendência de longo prazo, respectivamente, estão com sinal de crescimento na tendência de curto prazo. Em São Paulo (SP) observa-se sinal de estabilidade nas duas análises, e em Salvador (BA) o sinal é de queda nas duas tendências. Dentre as que apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo, apenas em Boa Vista (RR) e Recife (PE) este sinal é moderado (probabilidade > 75%), enquanto Aracaju (SE), Belém (PA), plano piloto de Brasília e arredores (DF), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA) e Teresina (PI) o sinal é forte (probabilidade > 95%). Em Vitória (ES), temos sinal moderado de crescimento apenas na tendência de curto prazo. Conforme apresentado pelos indicadores de transmissão comunitária, todas as capitais encontram-se em macrorregiões de saúde em nível alto ou superior, sendo a maioria delas em nível muito alto ou extremamente alto.
Macrorregiões de saúde
Em 26 dos 27 estados, observa-se ao menos uma macrorregião de saúde com sinal de crescimento nas tendências de longo ou curto prazo: Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins, no Norte; Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, no Nordeste; Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, no Sudeste; Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste; Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no Sul. Pará é único estado em que observa-se tendência de longo e curto prazo com sinal de queda ou estabilização. Em relação às estimativas de nível de casos de SRAG para as macrorregiões de saúde, não se observa nenhuma em nível pré-epidêmico, enquanto temos uma em nível epidêmico, 38 em nível alto, 61 em nível muito alto, e 18 em nível extremamente alto.
Óbitos
Referente aos casos de SRAG de 2022, já foram registrados 1.793 óbitos, sendo 1.122 (62,6%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 453 (25,3%) negativos, e ao menos 144 (8,0%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, 16,3% são de Influenza A, 0,2% Influenza B, 0,5% vírus sincicial respiratório (VSR), e 82,3% Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 25,1% Influenza A, 0,5% Influenza B, 0,6% vírus sincicial respiratório (VSR), e 72,2% Sars-CoV-2 (Covid-19).