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19/07/2021

Iniciativas da Fiocruz são reconhecidas como boas práticas no combate à Covid-19 

Nathállia Gameiro (Fiocruz Brasília)


Duas experiências do Núcleo de Pesquisa em População de Rua (Nupop) da Fiocruz Brasília foram finalistas do APS Forte no SUS – pandemia de Covid-19, promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil (Opas/OMS) no Brasil e pelo Ministério da Saúde. O projeto busca dar visibilidade às boas práticas desenvolvidas pelos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde (SUS) e reuniu 1.631 experiências de todo o país. A seleção das práticas passou por diversas etapas e as duas iniciativas da Fiocruz Brasília se destacaram. A Região Sudeste concentrou a maioria das inscrições: 924, seguida pela Região Sul com 300 participações, a Região Nordeste com 239 e as regiões Norte e Centro-Oeste, ambas com 84 iniciativas inscritas.

Na manhã de sexta-feira, 16 de julho, foi realizada uma cerimônia para premiar e reconhecer 19 experiências de excelência e boas práticas no combate à pandemia na APS. Entre elas, a Estratégia de Saúde Mental e Atenção Psicossocial em Rede no Contexto da Covid-19, promovida pela Fiocruz Brasília em parceria com psicólogos e trabalhadores do SUS de Goiás Velho, município de Goiás, que abriga hoje uma população de cerca de 23 mil habitantes.

Os profissionais realizam um conjunto de ações na área da saúde mental para a população, e em parceria com rádios comunitárias, instituições religiosas e associações de moradores, repassando informações em vídeos, cartilhas e podcasts, sobre biossegurança e as reações psicológicas esperadas para o momento da pandemia e como enfrentá-las.  Além disso, as equipes de saúde locais estão sendo qualificadas para que possam oferecer os primeiros cuidados psicológicos da população, garantindo os cuidados especializados para pessoas em condições severas de sofrimento psíquico. Os trabalhadores da saúde do município também estão sendo acolhidos, recebendo apoio psicológico online para que continuem atuando e atendendo os moradores.

“É uma experiência que, além da estratégia de poder ofertar cuidado diretamente para os trabalhadores do SUS do município, também investe no fortalecimento do laço comunitário e no fortalecimento do SUS como espaço de formação, com turmas de estagiários de psicologia de uma universidade privada do Distrito Federal atuando diretamente desde o início da estratégia”, explica o pesquisador da Fiocruz Brasília Marcelo Pedra. Para o psicólogo sanitarista, a iniciativa possibilita desenvolver um conjunto de novas tecnologias no campo da saúde mental que podem ser utilizadas depois da pandemia,  com monitoramento e cuidado à população de Goiás e de outros municípios, além de ampliar a resolutividade da APS no campo da saúde mental.

Outra iniciativa da instituição recebeu menção honrosa, o projeto Consultórios na Rua – Plano de Ação para Atenção da População em Situação de Rua no DF, que busca ampliar o acesso da população em situação de rua a serviços de saúde para as pessoas abrigadas em unidades de acolhimento e para as que desejam permanecer nas ruas – atendimento realizado junto às equipes de consultório na rua. O trabalho é fruto de parceria entre a Fiocruz Brasília e a Secretaria de Saúde do DF (SESDF), a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF (Sedes) e instituições da sociedade civil. 

Profissionais e residentes da Fiocruz Brasília, em Medicina de Família e Comunidade e Multiprofissional em Atenção Primária e de Gestão em Saúde orientam as pessoas em situação de rua sobre isolamento e reconhecimento de sintomas da Covid-19, realizam consultas, capacitam profissionais das unidades de acolhimento sobre as melhores estratégias de adesão ao tratamento e melhoria da qualidade de vida dos abrigados, uso de equipamentos de proteção individual e atendimento às pessoas com transtornos mentais. Para o trabalho com as populações vulneráveis os residentes passaram por capacitação em temas como mediação de conflitos, estratégias de escuta, manejo para questões de álcool e outras drogas, saúde mental e melhores formas de adesão ao tratamento.

“Receber um prêmio e uma menção honrosa em uma premiação tão bacana como a da APS Forte da Opas, pelas experiências do Apoio Psicológico online, com o grupo do PsiCuidados, de Goiás, e do Plano Interinstitucional Pop Rua (DF), é de encher de alegria, pois as duas experiências são muito importantes na trajetória do Nupop”, destacou o pesquisador. Foram premiadas também práticas de diferentes localidades do Brasil sobre o uso de rádios comunitárias para combater fake news sobre a pandemia, teleatendimento e orientação da população, continuidade dos serviços essenciais da APS e saúde bucal. 
 
Para a representante da Opas/OMS no Brasil, Socorro Gross, o APS Forte no SUS sintetiza o conhecimento do que vem sendo realizado todo dia na ponta pelos profissionais do SUS, e mostra a diversidade que temos no Brasil, podendo ser, inclusive, inspiração de práticas que podem ser adotadas por outros municípios para o atendimento da população. “Mostra também a fortaleza que temos nos nossos recursos humanos, a decisão de fazer mesmo diante das adversidades, e a resiliência dessas equipes que hoje mostraram não só as experiências, mas a felicidade de contribuir e trabalhar pelo outro. Todas as experiências têm em comum a comunidade, as famílias e o desejo de oferecer o melhor que nós temos como seres humanos”, afirmou. 

Ela defende a humanização do SUS para que as pessoas tenham acesso garantido no direito à saúde, e para que seja um sistema mais forte e resiliente. “Todo momento, e agora mais que nunca, temos a responsabilidade de continuar fortalecendo nosso sistema de saúde para essas famílias e para acompanhar também todas as iniciativas que temos que fazer para ter uma população com mais bem-estar e mais feliz”, concluiu. 
 
A cerimônia pode ser assistida aqui
 
E-book interativo 

As iniciativas premiadas estão reunidas em um e-book interativo e multimídia, que apresenta as vivências e respostas dadas pelas equipes de saúde à realidade de cada território. Por fotos e vídeos, os profissionais contam os desafios enfrentados desde a implantação da experiência, no início da pandemia, no ano passado. A publicação traz ainda o panorama geográfico das 1.471 experiências aprovadas, a origem das iniciativas e os temas mais concorridos. 
 
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