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11/04/2006

Lançado apelo público para o controle das doenças negligenciadas

Sarita Coelho


A cada dia morrem cerca de 35 mil pessoas de enfermidades como leishmaniose, doença de Chagas e do sono em países da América Latina, África e Ásia. Essas doenças, por serem típicas de populações carentes, não constituem um mercado lucrativo para a indústria farmacêutica - apenas 1% dos 1.393 medicamentos desenvolvidos entre 1975 e 1999 destinou-se ao tratamento das mesmas. Para mudar esta situação, foi lançado nesta quarta-feira (08/06) um apelo internacional que visa a responsabilizar governos e a estimular o investimento público no desenvolvimento de drogas, vacinas e diagnósticos que ajudem no controle das chamadas doenças negligenciadas.


"Os problemas causados pelas doenças negligenciadas são completamente solucionáveis, mas precisam de uma ação mais direta da população e dos governos. Esse apelo internacional representa um compromisso ético que muitas pessoas têm com essas doenças. É necessária uma mobilização de recursos, de conhecimentos e de compromissos éticos para que possamos atingir essas soluções", diz o presidente da Fiocruz, Paulo Buss.


O apelo internacional vai durar um ano, com uma série de eventos para a conscientização de governos e empresas que serão feitos no Rio de Janeiro, em Londres, em cidades africanas e asiáticas e que conta com o apoio de 15 vencedores do Prêmio Nobel, entre os quais o sul-africano Desmond Tutu (Nobel da Paz em 1994) e o timorense José Ramos-Horta (laureado em 1996).


A campanha é organizada pela entidade sem fins lucrativos Iniciativa de Drogas para Doenças Negligenciadas (DNDi) e alguns de seus parceiros fundadores, como o Instituto Pasteur, o Instituto de Pesquisa Médica do Quênia, o Conselho Indiano de Pesquisa Médica, o Ministério da Saúde da Malásia, a ONG Médicos Sem Fronteiras e a Fiocruz. Outros apoiadores são a Oxfam Internacional e a Iniciativa BIOS da Austrália. Além das doenças negligenciadas, o apelo também inclui doenças como Aids, malária e tuberculose, que atingem países ricos, mas precisam ainda de mais investimento para responder às necessidades dos países pobres.


O DNDi foi criado para incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de drogas para o combate de doenças negligenciadas e trabalha a partir de redes globais de pesquisadores que pretendem reforçar a capacidade de pesquisa nas áreas onde estas doenças são endêmicas. Segundo pesquisa apresentada pela entidade, apenas 10% dos remédios produzidos no mundo são destinados às necessidades de 90% da população mundial.


Programação do apelo internacional


08/06

Hotel Novo Mundo

(Praia do Flamengo 20 - Rio de Janeiro-RJ)


11h15 - Mesa-redonda sobre o apelo internacional e a situação das doenças negligenciadas, com a participação do presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Paulo Buss, do presidente da Associação de Portadores de doença de Chagas do Hospital da Universidade Federal de Pernambuco, Carlos Roberto Moraes, do representante da campanha de acesso a medicamentos essenciais do Médicos Sem Fronteiras e DNDi, Michel Lotrowska, e da coordenadora de pesquisa e projetos da DNDi para América Latina, Christina Zackiewicz.


12h às 12h30 - Debate e perguntas.

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