Livro apresenta experiência em saúde urbana e ambiental para crianças

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Elisandra Galvão (Fiocruz Mata Atlântica)
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Brincar, conhecer o outro, aprender e trocar saberes. Estas são a tônica das diversas atividades que envolvem a reflexão crítica sobre os problemas socioespaciais e ambientais e de saúde presentes no cotidiano das crianças do setor 1 e entorno da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, onde está localizada a Fiocruz Mata Atlântica (FMA). A garotada desta área, por meio de oficinas oferecidas pelo Clubinho da Mata, puderam vivenciar experiências lúdico-educativas. O conjunto de práticas de educação não formal e os métodos empregados são apresentados no livro Saúde urbana e ambiental para crianças: a experiência do Clubinho da Mata, organizado pela psicóloga Flávia Passos Soares e pela química Elaine Imenes, ambas da FMA. A publicação será lançada virtualmente no dia 3 de novembro, às 14h, no canal do YouTube da VideoSaúde da Fiocruz.  

O Clubinho da Mata surgiu em 2016 e foi idealizado pela bióloga Juliana Dias Maia como uma estratégia de educação não formal para crianças de seis a 11 anos. Nessa primeira fase, ela mediava as oficinas junto com o pedagogo Samuel Pereira da Silva, os dois integram a equipe social do Núcleo de Convívio da FMA. Eles contavam ainda com a participação de outros colegas da FMA para ministrar as atividades. A partir de 2018, o Clubinho se tornou um programa anual com oficinas voltadas tanto o autoconhecimento como o autocuidado, considerando aspectos do contexto social, ambiental e cultural da garotada e seus familiares.  

Os temas abordados, e que estruturam os capítulos da publicação, envolvem consciência corporal e das emoções, cuidados com o corpo e a alimentação, percepções sobre a casa e sua relação com a saúde da família, a importância e os cuidados com a água e o saneamento, o reaproveitamento de resíduos, a agricultura urbana agroecológica, a fauna e a flora e a sua importância para o bem viver.  

O objetivo do Clubinho é oferecer, no contraturno escolar (atividade extraclasse), estímulos de forma brincante e interativa, e atividades lúdicas que contribuam para promover entre as crianças a reflexão sobre questões socioambientais, a determinação social da saúde no território e a cidadania. Para isto, são trabalhados valores humanos e sociais, conhecimentos, aptidões e atitudes voltadas para a saúde coletiva, a preservação, o equilíbrio ecológico e a sustentabilidade.  

Fazem parte do Clubinho da Mata profissionais da FMA com formações em campos distintos das ciências humanas, biológicas e exatas. O livro traz também a escrita coletiva destes trabalhadores engajados em contribuir para a cidadania ativa e introduzir a criançada aos conceitos de saúde, ambiente e território. Para o coordenador executivo da Fiocruz Mata Atlântica, Gilson Antunes, a obra mostra como o trabalho realizado é uma iniciativa que prima também pela experimentação de linguagens e releva caminhos educativos para apresentar tecnologias sociais e conceitos complexos a crianças através práticas lúdicas. “A maior preocupação que temos com as comunidades que vivem no entorno do nosso campus e na zona de amortecimento do Parque Estadual da Pedra Branca é que seja possível desenvolver, estabelecer e propagar uma consciência ambiental para que suas ações, ao viver neste território, sejam sustentáveis e saudáveis”, ressalta.  

A metodologia adotada nas oficinas foi inspirada na pedagogia do educador pernambucano, Paulo Freire, pois a ideia central é que seja possível “aprender brincando”. Esta vertente ajuda na inserção ativa das crianças. Nos encontros, elas são incentivadas a sugerir assuntos para discussão em grupo; descobrir a beleza de ouvir o outro; encontrar sua voz e espontaneidade para falar diante de todos; perceber o quanto é fundamental o olhar e as decisões coletivas, além do trabalho em grupo e o debate de ideias. Seus pais também são envolvidos nesse processo e participam de reuniões, oficinas e organização de eventos de integração.  

A arte e a cultura também ganharam mais brilho nas oficinas em 2019, quando a FMA estabeleceu uma parceria com o setor Educativo do Museu do Bispo do Rosário. Esta cooperação proporcionou às crianças aprender técnicas artísticas e criar uma instalação, que foi montada e exposta no Grande Salão do Museu. Estes registros dão corpo aos dois últimos capítulos do livro e mostram como, em iniciativas como essa, os pequenos puderam refletir sobre a memória, o presente no qual vivem e o porvir que desejam, ou seja, a Colônia que não viram, a que veem e a que desejam.  

Serviço:
E-book | Saúde urbana e ambiental para crianças: a experiência do Clubinho da Mata 
Organização: Flávia Passos Soares e Elaine Imenes
Edição: Fiocruz, 2021
97 páginas