Agência Fiocruz de Notícias

Morreu neste domingo (10/06), aos 82 anos, o professor Szachna Eliasz Cynamon,  pesquisador do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) da Fiocruz - departamento, aliás, que foi criado por ele. Segundo o presidente da Fundação, Paulo Buss, "Cynamon era um professor admirável e um grande humanista, que formou gerações de engenheiros na ciência e na arte da saúde pública. Inquieto e insatisfeito com as iniquidades sociais que sempre apontava, foi enfrentá-las com seu eterno pragmatismo, bem proximo de nós, tanto que contribuiu decisivamente para a criação e a manutenção da Cooperativa de Manguinhos e da construção do projeto Dlis  Manguinhos". Emocionado, Buss, que está em Vancouver, no Canadá, disse ainda que perdeu um grande amigo, "com quem tinha discussões intermináveis sobre a condução do processo de desenvolvimento comunitário de Manguinhos". Buss afirmou ainda que aprendeu a admirar Cynamon pela perseverança e firmeza de princípios, idéias e crenças.

A maior parte da vida de Cynamon foi dedicada à saúde pública, com muitos anos de atuação no magistério da Ensp e da Uerj. Cynamon, formado em engenharia civil pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, com especialização em engenharia sanitária e doutorado em saúde pública na USP, era consultor e projetista premiado pelo Crea-RJ e pelo Confea. Ele foi considerado uma das 25 personalidades do século pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes).

Cynamon liderou a criação do programa Universidade Aberta, que tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida da população residente no Complexo de Manguinhos - região onde está a Fiocruz - por intermédio de ações integradas de saneamento ambiental, saúde coletiva e educação ambiental, bem como através de trabalho de promoção da saúde, sustentabilidade local e preservação ambiental, dando origem à Cooperativa de Manguinhos.

 

Considerado um dos principais quadros da Ensp, destacou-se no campo da engenharia sanitária, onde foi responsável por uma escola de engenharia sanitária, formando profssionais, além de ter deixado importantes contribuições em tecnologias para o saneamento ambiental e sanitário em nosso país. Esteve sempre comprometido política e profissionalmente com a diminuição da exclusão social no Brasil.

Cynamon foi idealizador da primeira patente tecnológica internacional da Fundação, o Valo Aeróbio-anaeróbio de Oxidação ETE - em Escala Piloto da Fiocruz (1996). Ele foi reconhecido, em 1999, como um dos 11 maiores cientistas que desenvolveram pesquisas na Fiocruz, desde a sua criação. Por ocasião da comemoração do centenário da Opas, foi premiado pelos serviços prestados à engenharia de saúde. Recebeu o prêmio Personalidade da Engenharia Sanitária do Século 20, concedido pelo Crea-RJ, em 2001.

O sepultamento ocorreu nesta segunda-feira (11/06), no Cemitério Israelita de Vilar dos Teles.