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23/11/2007

MS apresenta dados de vacina anti-rotavírus em Jornada de Imunizações


O balanço de um ano de uso da vacina anti-rotavírus na rede pública será apresentado pelo Ministério da Saúde (MS) na 4ª Jornada Fluminense de Imunizações, que ocorre nos dias 23 e 24 de novembro. A coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Marilac Meireles, diz que houve diminuição de 29% dos casos no comparativo das internações por doenças diarréicas agudas em crianças menores de 1 ano entre janeiro e fevereiro de 2006 e 2007. A infecção causada pelo rotavírus é uma das principais causas de internação de crianças e pode levar à morte. Em breve o Brasil começará a produzir a vacina contra o rotavírus (responsável por cerca de 30% das diarréias graves em crianças até 5 anos), rompendo a dependência existente hoje para a aquisição do imunobiológico. Com esse objetivo, foi assinado um protocolo de intenções para a produção nacional da vacina por representantes do MS, da Fundação Butantan e do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fiocruz.


 Imagem estilizada de rotavírus (Arte: Universidade Brown)

Imagem estilizada de rotavírus (Arte: Universidade Brown)


“Ainda é cedo para verificar o impacto da vacinação na redução de morbidade e mortalidade por diarréia decorrente de rotavírus. Não se pode afirmar se a discreta diminuição da taxa de internação por diarréia constatada em 2006 e 2007 seria atribuída à vacinação”, avalia Marilac. “O dado é positivo, já que a vacina é o melhor método para prevenir o rotavírus e os cuidados com saneamento básico e higiene não são suficientes para evita-lo”, considera a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Isabella Ballalai, baseada na especificidade de contágio e no fato de não ter havido outra intervenção além da introdução da vacina.


A meta de cobertura vacinal estabelecida pelo governo é de 90%. Este ano, até agosto, 83,94% das crianças foram vacinadas com a primeira dose e 69,57% com a segunda. A vacina é oferecida rotineiramente nos postos públicos durante todo o ano. “Espera-se que a vacinação contra rotavírus possa contribuir em conferir mais anos de vida e mais vida aos anos das crianças brasileiras. Estratégias devem ser adotadas para coberturas vacinais elevadas e homogêneas em todos os municípios do país para que a vacinação contra rotavírus de fato torne-se efetiva. O Programa Nacional de Imunizações empenha-se para o alcance desses objetivos”, diz Marilac. Isabella apela para que os médicos e responsáveis estejam atentos às recomendações do calendário porque a eficácia da vacina depende do cumprimento do esquema de doses. “O ideal é aplicar a primeira dose aos 2 meses e a segunda aos 4”, afirma.


Ministério da Saúde monitora impacto da vacina


O Ministério da Saúde implantou um projeto piloto em sete municípios para, entre outros objetivos, monitorar o impacto da vacina contra rotavírus. Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, está entre eles. As amostras apontam 80,8% de casos em 2006 e 14,3% em 2007. No Sul, o município de Paranaguá, no Paraná, apresentou 56,5% em 2006 e 7% em 2007.


Segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares, do Ministério da Saúde, em 2005 foram internadas mais de 95 mil crianças menores de 5 anos infectadas por rotavírus. Como a eficácia da vacina na prevenção das doenças diarréicas graves é de até 90%, percebe-se que mais de 85 mil casos podem ser evitados. Já em 2004, morreram por rotavírus, aproximadamente, mais de 1 mil crianças com menos de 1 ano. Seguindo o mesmo critério, é possível constatar que, com a vacinação, mais de 900 óbitos possam ser evitados anualmente. “Vale destacar que a produção de vacinas é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das intervenções de saúde pública que tiveram maior impacto na prevenção de doenças infecto-contagiosas. A outra foi o consumo de água potável”, diz Isabella.


Brasil é o primeiro país a introduzir vacina anti-rotavírus


Licenciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em junho de 2005, a vacina contra o rotavírus foi incluída no calendário do PNI em março de 2006. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecê-la no calendário oficial de vacinação infantil. O Comitê Técnico Assessor de Imunização do MS avaliou diversos critérios para escolher a introdução dessa vacina antes de outras. Um deles é o epidemiológico, já que a vacina pode reduzir em 42% as internações por gastrenterite infecciosa associada com o vírus.


O que é rotavírus?


O rotavírus é o principal causador de gastrenterite em crianças, caracterizada por vômitos, diarréia e febre, e cuja evolução pode levar à desidratação ou mesmo ao óbito. O correto diagnóstico é obtido por meio da pesquisa laboratorial do vírus. De acordo com Isabella, a transmissão de pessoa para pessoa ocorre com facilidade e os cuidados com higiene e saneamento básico não são suficientes para evitá-la. Infelizmente, o rotavírus resiste muito tempo no ambiente. “Devido à gravidade da doença, a vacinação torna-se fundamental. Como está disponível nos postos públicos, todos os pais e responsáveis devem estar atentos para vacinar as crianças na idade ideal”, enfatiza.


Atenção ao esquema de doses


A aplicação da vacina contra o rotavírus deve ser exclusivamente por via oral. O Calendário de Vacinação da Criança da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) apresenta o esquema de doses ideal: aos 2 meses e aos 4 meses. Ele está disponível aqui.


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