25/05/2022
Jacqueline Boechat (COC/Fiocruz)
A Sala de Consultas, espaço em que os acervos arquivísticos e bibliográficos da Fiocruz sob a guarda Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) podem ser vistos e pesquisados, foi reaberta oficialmente em novo endereço: o Centro de Documentação e História da Saúde (CDHS), prédio construído especialmente para abrigar esses bens, que contam a história da instituição e da saúde pública no Brasil. A inauguração marca a etapa final do processo de transferência dos itens do prédio da Expansão (hoje, campus Maré), local que ocupavam desde a década de 1980, para a nova edificação.
Diretor da Casa de Oswaldo Cruz, Marcos Pinheiro mostra a Lisabel Klein os históricos negativos de vidro reproduzidos nos painéis da Sala de Consulta (foto: Jeferson Mendonça)
Nas novas instalações, que reúnem condições para atender complexas exigências de conservação, desde o clima e a iluminação adequados, à pintura do mobiliário e o acondicionamento, os presentes puderam também relembrar a trajetória da Casa de Oswaldo Cruz e homenagear seus “pioneiros”, profissionais que primeiro se dedicaram à tarefa de recuperar documentos, bibliotecas, refazer viagens e colher depoimentos para constituir acervos de importância ímpar, que a instituição reúne e mantém há mais de três décadas.
“É uma maravilha chegar aqui e ver esta sala, que expressa uma trajetória tão importante e essa linha de cuidado com os acervos que as pessoas reconhecem. Poder integrar fisicamente toda a Casa é uma coisa maravilhosa para a unidade e para a Fiocruz como um todo”, parabenizou Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz e uma das desbravadoras homenageadas. “Quando cheguei à COC, achei que fosse [participar de] um projeto por um tempo; hoje já são 35 anos de Fiocruz”, completou.
Para Nísia, a Casa tem a missão de manter viva a ideia de que é preciso refletir sobre ciência e saúde em perspectiva histórica, envolvendo outros campos disciplinares, fazendo divulgação científica e preservando o patrimônio para “projetar melhor a esperança que nos impele para o amanhã”, afirmou.
A presidente da Fiocruz, Nisia Trindade Lima, e o ex-presidente da instituição Paulo Gadelha estiveram presentes à abertura oficial da Sala de Consultas (foto: Jeferson Mendonça)
Do trabalho pioneiro à transferência dos acervos da Fiocruz
O processo de construção, ocupação, transferência e instalação dos acervos históricos no CDHS foi longo e complexo. Começou em 2006, quando a ideia surgiu pela primeira vez na Casa. Mais de uma década depois, em 2018, o prédio foi inaugurado, com elementos sustentáveis, que valorizam a iluminação natural e o uso da água das chuvas.
Os novos espaços possuem estrutura que possibilita ampliar o nível de segurança na gestão do material, composto por raridades, entre as quais, arquivos considerados patrimônio da humanidade pela Unesco, como os de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas. Destacam-se, ainda, negativos de vidro que revelam momentos pioneiros da pesquisa biomédica e da medicina experimental no país, com registros dos primeiros anos do Instituto Oswaldo Cruz, que mais tarde viria a se chamar Fiocruz.
“Foi um longo caminho”, reconheceu o diretor da Casa, Marcos José de Araújo Pinheiro, ao destacar que a mudança representa a possibilidade da organização do trabalho de forma mais integrada, uma vez que o novo espaço une as salas de consulta dos acervos arquivístico e bibliográfico.
O diretor também pontuou que esse é o arremate de um trabalho contínuo, que foi se aperfeiçoando desde 1985, com o recolhimento de documentos espalhados pela instituição, até conquistar o reconhecimento atual. “Somente na pandemia, recebemos a doação de dez acervos arquivísticos e seis bibliográficos, que estão em fase de tratamento para posterior disponibilização”, ressaltou.
Marcos Pinheiro comemorou o êxito da transferência dos acervos no fim de 2021, quando os conjuntos documentais e coleções foram transportados do prédio da Expansão (hoje, campus Maré) para o CDHS em plena pandemia, em um processo que envolveu 68 pessoas.
“Ninguém foi contaminado por Covid-19. Não houve a perda de um único item ou um dano sequer a esse acervo”, declarou. O diretor salientou que além das equipes responsáveis por esses bens, dois fatores contribuíram para a transferência bem-sucedida: o suporte do grupo de trabalho de conservação preventiva e gestão de riscos, que traçou as bases metodológicas para a mitigação de riscos, e da área de gestão, responsável pela logística e de infraestrutura.