12/09/2024
Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, entregaram na quarta-feira (11/9) a Medalha de Mérito Oswaldo Cruz a 23 pessoas e 10 instituições que promoveram esforços para enfrentar a queda da cobertura vacinal no país. O trabalho de cada um dos homenageados contribuiu para retirar o Brasil do ranking dos 20 países com mais crianças não imunizadas, segundo dados do Unicef. O presidente Lula ressaltou que “é uma honra poder homenageá-los com esta medalha, já que todos vocês defendem a vida, o SUS e a democracia”. O presidente da Fiocruz, Mário Moreira, foi um dos homenageados na cerimônia, realizada no Palácio do Planalto.
O presidente da Fiocruz, Mário Moreira, foi um dos homenageados na cerimônia, realizada no Palácio do Planalto (foto: Ricardo Stuckert)
"Com muito orgulho e emoção, recebi da ministra Nísia Trindade e do presidente Lula a Medalha de Mérito Oswaldo Cruz, honraria que simboliza o legado de um dos maiores ícones da ciência e da saúde brasileira. Trata-se de um momento de celebração, voltado para as pessoas e instituições que se dedicam à vacina e à vacinação do povo brasileiro", explica Mario Moreira. "Entendo que essa medalha tenha sido entregue a todos nós, trabalhadoras e trabalhadores da Fiocruz que se dedicam diuturnamente na defesa do SUS, à causa da saúde pública, em honra ao legado do nosso patrono Oswaldo Cruz. Seguiremos firmes nesse compromisso. Essa medalha é nossa!".
Lula criticou enfaticamente o negacionismo de muitas autoridades, personalidades públicas e profissionais da saúde durante a pandemia. “Essas pessoas não têm noção do que as vacinas significaram e significam na história da Humanidade. Milhões foram salvos devido às vacinas. Quem se posicionou contra não teve a sensatez de ser um pouco humanista, de ser um pouco fraterno, ser um pouco solidário e de ser um pouco, quem sabe, verdadeiramente humano”. O presidente disse ainda que nunca pensou em viver num tempo em que um presidente da República, em que ministros da Saúde, médicos e personalidades tivessem “a desfaçatez de inventar tantas mentiras contra a vacinação. Eles não tiveram compaixão”.
O presidente afirmou que o SUS salvou muitas vidas. “Devido ao negacionismo, o Brasil que tem 3% da população mundial, registrou 10% das mortes pela Covid-19 em todo o planeta. E se não fosse a capacidade de trabalho e a honradez dos profissionais que trabalham no SUS o Brasil teria chorado muitas outras mortes”.
Em sua intervenção, a ministra Nísia relembrou a atuação de Oswaldo Cruz no início do século 20, quando enfrentou um cenário desolador no Rio de Janeiro, com epidemias de peste, varíola e febre amarela, numa época em que país não tinha um sistema público de saúde, o que só viria a existir com a Constituição de 1988, e sem previdência social, que surgiu na década de 1930. A ministra disse que mais de um século depois o país enfrentou imensos desafios, como a desinformação e o negacionismo durante a pandemia de Covid-19, “com um governo que trabalhou contra a ciência, contra o conhecimento e contra as vacinas”.
Nísia ressaltou que “No país do Zé Gotinha e do SUS quiseram instalar o medo, mas com o retorno do presidente Lula conseguimos superar essa situação. Estamos num momento de superação, transformação e avanços”. A ministra destacou que após a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, Lula anunciou, junto aos governadores dos estados, o Movimento Nacional pela Vacinação, que tem como objetivo unir o país em um pacto pela valorização da ciência e pelo incentivo à vacinação
O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e diretor de Saúde da Confederação Nacional das Associações de Moradores, Fernando Pigatto, e a presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), Monica Levi, ambos homenageados com a Medalha Oswaldo Cruz, fizeram breves discursos. A estudante Isadora Montenegro, aluna do Centro de Ensino Fundamental de Brasília, foi convidada a falar e leu uma redação que fez na escola, sobre a importância da vacinação.
A homenagem
Instituída em 1970, a Medalha de Mérito Oswaldo Cruz é concedida a brasileiros ou estrangeiros que, no campo das atividades científicas, educacionais, culturais e administrativas relacionadas com a higiene e a saúde pública em geral, tenham distinguido de forma notável ou relevante e tenham contribuído, direta ou indiretamente, para o bem-estar físico e mental da coletividade brasileira. A honraria é dividida em três níveis: Ouro, Prata e Bronze. Todos os homenageados desta edição vão receber a categoria Ouro.
Personalidades homenageadas
Aparecida dos Santos Bezerra, enfermeira com atuação na saúde indígena e vacinadora;
Atila Iamarino, biólogo;
Cristiana Maria Toscano Soares, médica, vice-chefe do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás;
Daiane Garcia dos Santos, ginasta e embaixadora do Movimento Nacional pela Vacinação;
Dorinaldo Barbosa Malafaia, deputado federal e coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Vacina da Câmara dos Deputados;
Esper Georges Kallás, diretor do Instituto Butantan;
Fabio Baccheretti Vitor, presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e secretário de Saúde de Minas Gerais;
Fernando Zasso Pigatto, presidente do Conselho Nacional de Saúde e diretor de Saúde da Confederação Nacional das Associações de Moradores;
Francisco de Assis de Oliveira Costa, deputado federal e presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados;
Hisham Mohamad Hamida, presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e secretário de Saúde de Pirenópolis (GO);
Humberto Sérgio Costa Lima, senador e presidente da Comissão de Assuntos Sociais do Senado;
Ivan Baron, pedagogo e ativista anticapacitista;
Jayme Martins de Oliveira Neto, juiz titular do Tribunal de Justiça de São Paulo e membro da Comissão de Saúde do Conselho Nacional do Ministério Público;
José Cassio de Moraes, médico e professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo;
Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues, empresária;
Margareth Maria Pretti Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz e membro da Academia Nacional de Medicina;
Maria da Graça Xuxa Meneghel, atriz, apresentadora, cantora, empresária e embaixadora do Movimento Nacional pela Vacinação;
Mario Santos Moreira, presidente da Fiocruz;
Meiruze Sousa Freitas, farmacêutica e diretora da Segunda Diretoria da Anvisa;
Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP);
Rosangela Lula da Silva, primeira-dama do Brasil;
Rosileia Maria de Souza, presidente da Associação do Quilombo Lagoinha, na Bahia;
Sirlene de Fátima Pereira, enfermeira do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
Instituições homenageadas
Agência de Notícias das Favelas;
Associação Brasileira de Saúde Coletiva;
Associação Brasileira de Enfermagem;
Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde;
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef);
Instituto Todos pela Saúde;
Organização Pan-Americana da Saúde;
Rotary Club;
Sociedade Brasileira de Pediatria;
Sociedade Brasileira de Imunizações.