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03/10/2017

Ciência aberta é tema da revista Trabalho, Educação e Saúde

Paulo Guanaes (EPSJV/Fiocruz)


Na última edição de 2017, a revista Trabalho, Educação e Saúde, editada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), apresenta editorial assinado pela pesquisadora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (IBICT-UFRJ) Sarita Albagli sobre a importância da 8ª Conferência-Luso Brasileira de Acesso Aberto (ConfOA). O evento será realizado de 4 a 6 de outubro no campus de Manguinhos da Fiocruz, com o tema Do Acesso Aberto à Ciência Aberta, sinalizando o alargamento de uma discussão que deu origem a esse importante encontro anual desde 2010.

(Confira a edição na íntegra)

Segundo Albagli, que foi uma das palestrantes do 4º Pré-ConfOA 2017, com a ciência aberta, “abrem-se aí novas frentes, como os dados científicos abertos, as ferramentas científicas abertas (software e hardware), os cadernos abertos de laboratório, a educação aberta e a ciência cidadã”, o que amplia a questão do acesso à informação científica, mas também de novas formas de produção, circulação e apropriação da informação e conhecimento em ciência, tecnologia e inovação.

No cenário atual, de acordo com a pesquisadora, a ciência aberta evidencia interfaces com os campos da educação e do trabalho. No primeiro caso, os recursos educacionais abertos (REA) são uma parte estratégica do movimento pela ciência aberta, por sua contribuição na formação para a cidadania e para a coprodução de conhecimentos e soluções que envolvem cada vez mais conteúdos técnico-científicos. Quanto ao trabalho, Albagli sustenta que ele requer saber ‘ler’ as informações como matéria-prima e instrumento de trabalho, bem como mostrar capacidades de aprendizado contínuo, de criatividade e inovatividade.

A desigualdade social brasileira, produtora de uma ‘ralé’ legitimada por uma hierarquia que separa pessoas em gente e subgente, que se reproduz na saúde pública, é o mote do ensaio Proteger a vida ou deixar morrer? Atuação dos assistentes sociais na saúde pública com a ‘ralé’, de Josilene Barbosa do Nascimento, professora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Estadual da Paraíba, que abre o fascículo. Segundo Josilene Nascimento, a “ralé” deve ter acesso a uma educação desmistificadora de sua condição, a fim de que possa construir para si mesma uma percepção de que saúde é um direito da pessoa e um direito da comunidade, independentemente de sua origem social. Uma educação libertadora que enfatize uma participação no conhecimento de sua dura realidade e que a coloque como partícipe da construção de sua própria cidadania.

Trabalho, Educação e Saúde traz ainda os resultados de uma pesquisa quantitativa, realizada no campo da atenção básica, protagonista de recente polêmica sobre sua nova configuração traçada pelo governo federal. O artigo Características do apoio institucional ofertado às equipes de atenção básica no Brasil, de Lygia Maria de Figueiredo Melo et al., descreve uma análise sobre o apoio institucional nas equipes que aderiram ao Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica, criado pelo Ministério da Saúde, realizada em 2014, cuja amostra envolveu 2.941 respondentes e 22 gestores, em busca de pistas para identificar o potencial democratizante do apoio institucional frente ao seu processo de institucionalização na atenção básica.

Completam a edição 13 artigos oriundos de pesquisas originais que debatem a atenção básica, a estratégia saúde da família, o sofrimento e o adoecimento de agentes comunitários, questões bioéticas e a formação de profissionais do setor saúde, além de duas resenhas sobre dois livros com temas bastante atuais: o trabalho e a saúde no capitalismo contemporâneo e a escola sem partido, uma ameaça à educação e à sociedade brasileira.

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