26/05/2022
A descoberta de uma possível nova espécie de carrapato acaba de ser divulgada em artigo publicado na conceituada revista Acta Tropica, da Elsevier. O autor principal é o pesquisador da Fiocruz Pernambuco, Filipe Dantas Torres, que realizou os estudos morfológicos e genéticos desses carrapatos, juntamente com seus orientandos Kamila Sales e Lucas de Souza Paula, ambos egressos do doutorado em Biociências e Biotecnologia em Saúde dessa instituição de ensino e pesquisa.
Na pesquisa, foi identificada também a capacidade desses carrapatos parasitarem seres humanos e abrigarem uma nova bactéria do gênero Rickettsia, já relatada em outros estudos no Brasil (imagem: Fiocruz Pernambuco)
A espécie tem semelhanças morfológicas com a Ornithodoros mimon - espécie de carrapato já descrita na literatura, que tem os morcegos como hospedeiros principais - porém com relevantes diferenças genéticas. Na pesquisa, foi identificada também a capacidade desses carrapatos parasitarem seres humanos e abrigarem uma nova bactéria do gênero Rickettsia, já relatada em outros estudos no Brasil, mas ainda não formalmente descrita, cujo potencial de causar doenças ainda é desconhecido.
O pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Mauro Marzochi, foi o responsável pela coleta, em Teresópolis (RJ) e encaminhamento à Fiocruz Pernambuco dos 16 exemplares analisados. Participaram também da investigação os estudiosos Sebastián Muñoz-Leal, da Universidade de Concepción (Chile), Jonas Moraes Filho, da Universidade Santo Amaro (Unisa), e Marcelo B. Labruna, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP).
O artigo detalha como os insetos foram encontrados na residência de veraneio, em Teresópolis, por um casal de idosos. Ambos sofreram por um tempo com picadas noturnas, que provocavam intensa reação inflamatória, até descobrir que eram causadas pelos carrapatos. Antes de eliminar a infestação, com um inseticida piretróide, foram preservados alguns indivíduos para o estudo que resultou nessa descoberta.
O texto reforça a necessidade de aprofundamento dos estudos tanto para avaliar formalmente o status taxonômico desta espécie de carrapatos, como para investigar a patogenicidade da bactéria presente no organismo deles. Lembrando que algumas espécies de riquétsias são causadoras, por exemplo, da febre maculosa e do tifo epidêmico.