Início do conteúdo

05/05/2005

Novo caminho para o diagnóstico de leptospirose

Catarina Chagas


Febre, dores musculares, icterícia, disfunções renais. Muitas vezes, os principais sintomas da leptospirose confundem os médicos, que tendem a suspeitar primeiro de doenças como o dengue. No entanto, o atraso no diagnóstico da doença - causada pelas bactérias do gênero Leptospira - pode trazer graves conseqüências para o paciente e até levá-lo a óbito. Em busca de uma solução para o problema, a equipe do Centro Nacional de Referência para Leptospirose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fiocruz, coordenada pelo farmacêutico Geraldo Renato de Paula, desenvolveu uma nova técnica de diagnóstico que procura, no sangue do paciente, o DNA da bactéria.


tualmente, as principais formas de identificar a leptospirose consistem nos métodos sorológicos, que detectam no sangue do paciente a presença de anticorpos contra as espécies de Leptospira, e na cultura de material coletado em condições ideais que permitam identificar a proliferação da bactéria. "O principal problema dessas técnicas é a demora nos resultados", explica De Paula. "O exame sorológico só consegue identificar a infecção uma semana após o início dos sintomas da doença, enquanto a cultura das bactérias pode levar até dois meses". Segundo o pesquisador, o diagnóstico precoce poderia melhorar a capacidade de tratamento e até, em alguns casos, evitar a morte do paciente.


O novo método, chamado PCR - sigla em inglês para Reação da Polimerase em Cadeia - consiste numa técnica de amplificação in vitro do DNA e já é utilizado para diagnosticar outras infecções. Para possibilitar o processo, o material clínico do paciente é submetido a técnicas que separam o DNA dos demais componentes celulares e, em seguida, as moléculas obtidas são usadas na PCR, capaz de amplificar em escala exponencial o DNA da bactéria. Dessa forma, o diagnóstico definitivo de leptospirose pode ser feito em poucas horas.


Além da rapidez com que gera resultados, uma vantagem da PCR é a capacidade de identificar a doença mesmo em pessoas que apresentam poucas bactérias no sangue. Durante os testes realizados, a técnica demonstrou alta sensibilidade, sendo capaz de identificar a presença de apenas cinco células de Leptospira por mililitro de sangue. "Os resultados dos testes que fizemos têm sido animadores", comemora De Paula. "Agora, precisamos realizar exames com mais pacientes, para verificar se o método é mesmo tão eficaz quanto os outros".


Para comparar o PCR ao exame sorológico, forma padrão de diagnóstico, os pesquisadores enfrentam uma dificuldade: como os dois testes são realizados em estágios diferentes da doença - o primeiro deve ser feito na fase inicial da infecção e o segundo após a geração de anticorpos -, é preciso coletar pelo menos duas vezes as amostras de cada paciente. A equipe trabalha, agora, na realização de mais exames que permitam a validação do novo método.

Voltar ao topo Voltar