Início do conteúdo

19/10/2006

Obra analisa trajetória de órgão criado na Segunda Guerra

Pablo Ferreira


A atuação do Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) entre os anos de 1942 e 1960 é o tema principal do livro Políticas internacionais de saúde na Era Vargas – o serviço especial de saúde pública, 1942-1960, da coleção História e Saúde da Editora Fiocruz, escrito pelo historiador André Luiz Vieira de Campos. Alvo de paixões e polêmicas enquanto existiu, pela primeira vez o Sesp é objeto de estudo pioneiro e profundo, estabelecendo um novo patamar para a reflexão sobre a história da saúde do Brasil.


O Sesp foi criado em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, instituído pelo Estado Novo em associação com o governo americano. De início, pretendia-se que fosse uma agência provisória, responsável por políticas sanitárias pontuais em regiões (Amazônia e Bacia do Rio Doce) produtoras de matérias-primas estratégicas para o esforço de guerra. O órgão, no entanto, existiu por 48 anos, só se extinguindo em 1990.


Até 1960 o Sesp atuava com autonomia em relação ao Ministério da Saúde, o que gerava grandes polêmicas. Estas também eram causadas por conta de suas ações e prioridades no campo da saúde, de seu modelo institucional e por contar com plano de cargos e salários invejáveis em relação à administração pública da época. Os membros do Sesp eram acusados de antipatriotas por seus adversários, por estabelecerem vínculos simbólicos, técnicos e institucionais com os americanos, geradores de uma competência técnico-científica motivadora de orgulho para os “sespianos”. Importante dizer que após a guerra o Sesp ajudou a construir paradigmas para a saúde pública brasileira.


O livro, portanto, é o primeiro de seu gênero que analisa o Sesp enquanto agência responsável pela institucionalização das políticas públicas de saúde no Brasil. Para tanto, a obra divide-se em três partes: a primeira conta com dois capítulos e fala sobre a origem do Sesp no contexto das relações internacionais entre Brasil e EUA e da Segunda Guerra Mundial; a segunda divide-se em quatro capítulos que dissertam sobre o controle de malária nas bases americanas no Brasil (Belém, Recife e Natal), a política sanitária exercida na Amazônia (por conta das migrações para o esforço de guerra na colheita da borracha), no Vale do Rio Doce e nas regiões produtoras de mica em Minas Gerais; e a última, com três capítulos, que expõe as estratégias de sobrevivência e transformações do Sesp no pós-guerra, seu papel na administração sanitária e colaboração na expansão do poder público na década de 50. O livro tem 318 páginas e custa R$ 38.

Voltar ao topo Voltar