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24/01/2014

Obras no patrimônio da Fiocruz preservam a memória da saúde

Jacqueline Boechat


Nem bem foram retirados, os tapumes voltarão a cobrir os edifícios que integram o patrimônio da Fiocruz no campus Manguinhos. Apesar de modificar temporariamente a paisagem histórica, estas intervenções são indispensáveis para preservar a memória institucional e da saúde no Brasil por meio das edificações tombadas.

Com o crescimento e diversidade de ações da Fiocruz, por vezes enfrenta-se o dilema do dever de restaurar frente às necessidades do usuário (foto: Peter Ilicciev)

 

Depois das obras realizadas por cerca de um ano e meio no prédio do Quinino e nas torres do Castelo, será a vez da Cavalariça e de outras áreas do Pavilhão Mourisco – muretas e beirais dos terraços do quinto e do sétimo pavimentos e as salas da ala posterior do segundo pavimento – receberem cuidados.

Cuidado permanente

Com o crescimento e diversidade de ações da Fiocruz, por vezes enfrenta-se o dilema do dever de restaurar frente às necessidades do usuário. “Mitigar os danos do tempo e adequar edifícios tombados do início do século 20 aos usos modernos é um desafio”, diz a arquiteta Ana Maria Marques, chefe do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) da Casa de Oswaldo Cruz, unidade responsável por prover a manutenção, conservação e restauração do patrimônio arquitetônico da instituição.

O trabalho de conservação deve ser constante para evitar a deterioração do patrimônio. Periodicamente, algumas edificações e instalações são fechadas total ou parcialmente para este fim. As obras da balaustrada das escadarias de acesso ao Castelo já foram iniciadas. O telhado do Edifício Anexo do Palácio Itaboraí, em Petrópolis, também será recuperado. Atualmente, algumas obras estão ocorrendo nos campi da Fiocruz e outras estão planejadas para acontecer em breve. Veja as principais ações:

Balaustrada das escadarias de acesso ao Pavilhão Mourisco

O objetivo é recuperar a integridade dos elementos originais (foto: Peter Ilicciev)

 

Formada por elementos de estuque ornamental de cimento e emoldurada por um jardim clássico-romântico do início do século 20, a balaustrada que dá acesso ao Pavilhão Mourisco vem sofrendo um processo de deterioração estrutural e estética ao longo dos seus 95 anos. A presente restauração contempla o mapeamento dos danos, higienização e limpeza, tratamento de patologias, reforço estrutural e o preenchimento de lacunas a partir da técnica de pré-moldados em argamassa, buscando intervir o mínimo possível no conjunto original.

Recuperação das muretas e beirais dos terraços

Localizado em uma elevação, o Pavilhão Mourisco está exposto à ação de ventos e chuva, assim como da poluição, que provém especialmente das vias de circulação que margeiam o campus Manguinhos. Esses agentes causam a deterioração dos elementos externos metálicos, cerâmicos e das argamassas, entre outros. Além do valor patrimonial, o Castelo também abriga a Biblioteca de Obras Raras, afetada por infiltrações provenientes das coberturas que apresentam danos na camada de proteção de alguns elementos. As muretas e beirais do coroamento do quinto e sétimo andares serão impermeabilizados e os ornatos, recuperados.

Salas do segundo andar

Em contraste com a ornamentação das áreas externas e comuns do Castelo, os espaços interiores são na maioria simples, construídos para servir de salas de trabalho e laboratórios. Apesar das ações de conservação realizadas ao longo do tempo, alguns elementos necessitam de ações corretivas. É o caso dos azulejos brancos que revestem as paredes, parcialmente cobertos por tinta, e das esquadrias. O objetivo é recuperar a integridade dos elementos originais, incluindo relógios, luminárias e bicos de gás.

Cavalariça

A Cavalariça abriga a exposição Biodescoberta, uma das áreas de visitação do Museu da Vida. O projeto para a restauração do local requer uma intervenção geral no edifício, abrangendo o interior, as fachadas e a cobertura, e a atualização dos sistemas elétrico e de comunicação. A obra será aberta à visitação guiada pela Casa de Oswaldo Cruz, periodicamente. A execução dos serviços tem previsão de dezoito meses para a conclusão.

Palácio Itaboraí

No início do ano, parte da cobertura provisória que protegia o edifício anexo ao Palácio Itaboraí se rompeu. Com isso, houve a aceleração dos danos localizados nos elementos internos e no madeiramento do telhado. A obra vai recuperar a cobertura, evitando a perda dos elementos arquitetônicos que conferem à edificação seu valor cultural. A obra de restauração e adaptação de uso do Palácio Itaboraí, em Petrópolis, foi concluída em 2011. É uma edificação eclética construída em fins do século 20, tombada pela Iphan, e que desde 1998 está sob a guarda da Fundação.

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