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21/03/2007

Os muitos sinômimos da aguardente brasileira


O nome cachaça pode ter vindo da língua ibérica – cachaza – que era o vinho de borra, de qualidade inferior, bebido em Portugal e Espanha. Outra teoria é que teria se originado de “cachaço”, o porco, e seu feminino, “cachaça”, a porca. Isso porque a carne dos porcos selvagens, encontrados nas matas do Nordeste – os caititus – era muito dura e a cachaça era usada para amolecê-la. Mas talvez em nunhuma outra língua haja uma bebida com tantos sinônimos. Ao longo de dois séculos, a aguardente recebeu vários nomes.


Abrideira


Água-de-briga – expressão antiga por provocar brigas



Água-que-passarinho-não-bebe



Aguardente – denominação universal de bebida destilada


Amansa-corno – oriunda da periferia do Rio de Janeiro


Arrebenta-peito


Azuladinha – o pelido se refere a um tipo de aguardente de cor azulada, fabricada na região de Santo Antonio da Patrulha, no Rio Grande do Sul. A cor azulada é obtida pela adição de bergamota ou carvão vegetal


Birinaiti – expressão carioca que quer dizer beber à noite


Borbulhante – quando à fermentação, a bebida parece borbulhar


Branquinha


Brasa – da expressão "desce queimando feito brasa"


Caiana – apelido utilizado no Norte do Brasil, remete a um tipo de cana proveniente da Guiana Francesa, que chegou ao Brasil no início do século 19, chamado Cayenne, também o nome da capital da Guiana


Cândida – pela alvura


Caninha – aguardente feita de um tipo de cana fininha, em São Paulo


Cana – nome dado em castelhano para a cachaça


Canjebrina – apelido muito usado no Nordeste do Brasil


Capote-de-pobre – por ser barata de comprar


Cobertor-de-pobre


Elixir – pelo fato de quem bebe muito ter desarranjo intestinal (diarréia)


Espírito –bêbado jura que viu o espírito de alguém


Esquenta-por-dentro – pelo ardor causado pela aguardente


Filha-de-senhor-de-engenho – expressão antiga, da época da escravidão


Glostora


Guampa – apelido usado no Sul do Brasil


Gramática – pinguço finge ser professor de português


Homeopatia – basta pequenas doses para deixá-lo bêbado


Isca – a bebida pode servir como ardil para lograr alguém


Imaculada – referência à Virgem Maria


Januária – nome de cidade do norte mineiro que tornou-se famosa pela produção de cachaça


Jeribita – o emprego do nome para designar a cachaça data do século 16. O poeta Gregório de Matos Guerra, o Boca do Inferno, já utilizava o apelido em sua obra. Segundo o hitoriador Luiz Felipe de Alencastro, é provável que tenha surgido da bebida alcóolica produzida a partir do jeribá, ou jerivá, palmeira abundante no Nordeste do país


Jura – todo pinguço jura que será o último gole


Katia – katiassa! "--- sou apaixonado pela katia ..."


Mão de vaca – apelido usado no Triângulo Mineiro


Moça branca – proveniente do Rio Grande do Norte


Marafo – proveniente de malafo , vinho produzido Congo e Angola com diversas palmeiras, principalmente o dendezeiro, abundante na África. Provavelmente o apelido foi dado por analogia: são duas bebidas alcoólicas consumidas pelos escravos. Essa palavra é principalmente utilizada no Rio de Janeiro


Malunga, angico, canjica, cumbe, geba, maçangana – todas palavras africanas para designar a cachaça


Maria-meu-bem


Martelo


Meu-consolo


Otim – palavra oriunda do vocabulário ioruba, usada para referir-se a cachaça.; Parati – a vila de Paraty, no Rio de Janeiro, chegou a abrigar 250 engenhos no final do século 18, em sua maioria fabricando cachaça ao lado do açúcar. A importância econômica de sua cachaça foi tão grande que durnte quase um século parati tornou-se sinônimo de cachaça de boa qualidade


Patrícia – elegante, bonita e perigosa


Pinga – apelido usado em todo Brasil que vem do fabrico da bebida pelo alambique, pois o destilado vem aos pingos


Prego – normalmente quem bebe muito parece um prego: aonde fica não sai, só se for arrancado com "martelo-lei"


Purinha


Rama – apelido utilizado no Rio Grande do Sul


Santinha


Suor-de-alambique


Terebentina


Teta


Tira-vergonha


Urina-de-santo

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