O nome cachaça pode ter vindo da língua ibérica – cachaza – que era o vinho de borra, de qualidade inferior, bebido em Portugal e Espanha. Outra teoria é que teria se originado de “cachaço”, o porco, e seu feminino, “cachaça”, a porca. Isso porque a carne dos porcos selvagens, encontrados nas matas do Nordeste – os caititus – era muito dura e a cachaça era usada para amolecê-la. Mas talvez em nunhuma outra língua haja uma bebida com tantos sinônimos. Ao longo de dois séculos, a aguardente recebeu vários nomes.
Abrideira
Água-de-briga – expressão antiga por provocar brigas
Água-que-passarinho-não-bebe
Aguardente – denominação universal de bebida destilada
Amansa-corno – oriunda da periferia do Rio de Janeiro
Arrebenta-peito
Azuladinha – o pelido se refere a um tipo de aguardente de cor azulada, fabricada na região de Santo Antonio da Patrulha, no Rio Grande do Sul. A cor azulada é obtida pela adição de bergamota ou carvão vegetal
Birinaiti – expressão carioca que quer dizer beber à noite
Borbulhante – quando à fermentação, a bebida parece borbulhar
Branquinha
Brasa – da expressão "desce queimando feito brasa"
Caiana – apelido utilizado no Norte do Brasil, remete a um tipo de cana proveniente da Guiana Francesa, que chegou ao Brasil no início do século 19, chamado Cayenne, também o nome da capital da Guiana
Cândida – pela alvura
Caninha – aguardente feita de um tipo de cana fininha, em São Paulo
Cana – nome dado em castelhano para a cachaça
Canjebrina – apelido muito usado no Nordeste do Brasil
Capote-de-pobre – por ser barata de comprar
Cobertor-de-pobre
Elixir – pelo fato de quem bebe muito ter desarranjo intestinal (diarréia)
Espírito –bêbado jura que viu o espírito de alguém
Esquenta-por-dentro – pelo ardor causado pela aguardente
Filha-de-senhor-de-engenho – expressão antiga, da época da escravidão
Glostora
Guampa – apelido usado no Sul do Brasil
Gramática – pinguço finge ser professor de português
Homeopatia – basta pequenas doses para deixá-lo bêbado
Isca – a bebida pode servir como ardil para lograr alguém
Imaculada – referência à Virgem Maria
Januária – nome de cidade do norte mineiro que tornou-se famosa pela produção de cachaça
Jeribita – o emprego do nome para designar a cachaça data do século 16. O poeta Gregório de Matos Guerra, o Boca do Inferno, já utilizava o apelido em sua obra. Segundo o hitoriador Luiz Felipe de Alencastro, é provável que tenha surgido da bebida alcóolica produzida a partir do jeribá, ou jerivá, palmeira abundante no Nordeste do país
Jura – todo pinguço jura que será o último gole
Katia – katiassa! "--- sou apaixonado pela katia ..."
Mão de vaca – apelido usado no Triângulo Mineiro
Moça branca – proveniente do Rio Grande do Norte
Marafo – proveniente de malafo , vinho produzido Congo e Angola com diversas palmeiras, principalmente o dendezeiro, abundante na África. Provavelmente o apelido foi dado por analogia: são duas bebidas alcoólicas consumidas pelos escravos. Essa palavra é principalmente utilizada no Rio de Janeiro
Malunga, angico, canjica, cumbe, geba, maçangana – todas palavras africanas para designar a cachaça
Maria-meu-bem
Martelo
Meu-consolo
Otim – palavra oriunda do vocabulário ioruba, usada para referir-se a cachaça.; Parati – a vila de Paraty, no Rio de Janeiro, chegou a abrigar 250 engenhos no final do século 18, em sua maioria fabricando cachaça ao lado do açúcar. A importância econômica de sua cachaça foi tão grande que durnte quase um século parati tornou-se sinônimo de cachaça de boa qualidade
Patrícia – elegante, bonita e perigosa
Pinga – apelido usado em todo Brasil que vem do fabrico da bebida pelo alambique, pois o destilado vem aos pingos
Prego – normalmente quem bebe muito parece um prego: aonde fica não sai, só se for arrancado com "martelo-lei"
Purinha
Rama – apelido utilizado no Rio Grande do Sul
Santinha
Suor-de-alambique
Terebentina
Teta
Tira-vergonha
Urina-de-santo