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15/08/2008

Os projetos de Montes Claros e Caruaru

Edna Padrão


A crise política na Argentina e o conseqüente golpe militar, ocorrido em 1976, levaram Mario Hamilton a exilar-se no Brasil. Após uma rápida passagem como consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), foi convidado pela Unidade de Planificação, Pesquisa e Programas Especiais (Pappe), do Ministério da Saúde do Brasil, para assessorar a programação do Sistema Integrado de Prestação de Serviços de Saúde de Montes Claros (MG) e de Caruaru (PE).

 

 Mario Hamilton (à esquerda) e seu grande amigo, o sanitarista Mario Testa
Mario Hamilton (à esquerda) e seu grande amigo, o sanitarista Mario Testa

Chegando a Montes Claros em fevereiro de 1976, Mario Hamilton percebeu problemas de saúde que pensava já estarem superados, pois não havia nenhuma estrutura sanitária. “A situação de saúde era péssima, de serviços praticamente inexistentes, de um Estado que tenta legitimar-se numa situação de transformação e de um modelo econômico concentrador, como era o de todo o Brasil, e não um modelo redistribuidor”, afirmava.

Devido à sua experiência como analista e também no desenvolvimento de sistemas de saúde na Argentina, a tarefa em Montes Claros foi, em princípio, dar tratamento às informações coletadas. O passo seguinte seria a elaboração de um sistema integrado de serviços de saúde para essa cidade.

O projeto de Montes Claros foi consolidado em área programática e em nível de um projeto global. “Não era só a proposta de centros de saúde e atenção médica primária. A gente tinha elaborado uma proposta - que é a proposta da Reforma Sanitária - de integração de todo setor público, de um fundo único de saúde para a região, de um comando único do diretor regional e de um sistema que passava pela atenção básica até os níveis de atenção regional e de especialização”.

 

 Mario Hamilton (à direita), Paulo Gadelha e o presidente da Fiocruz, Paulo Buss
Mario Hamilton (à direita), Paulo Gadelha e o presidente da Fiocruz, Paulo Buss

Segundo Mario Hamilton, esse projeto significava um avanço para Montes Claros, no que dizia respeito à política de atenção médica e de saúde discutida naquela época. “Havíamos colocado um modelo global, regionalizado e hierarquizado de serviços de saúde, com participação popular ante a conotação política”.

Se por um lado o projeto de Montes Claros ficou marcado como um passo importante da história da saúde pública, Mario afirmava que o trabalho em Caruaru não teria o mesmo desfecho. “Em Caruaru tentava aumentar a eficiência do projeto. Então, levava algumas idéias de Montes Claros, tentava avançar, mas a estrutura era muito mais rígida em Pernambuco do que em Minas Gerais”.

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