Painéis apresentam produção científica nacional e internacional sobre DST/Aids

Publicado em
Catarina Chagas e Fernanda Marques
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Além de palestras, o 2º Congresso da CPLP sobre DST/Aids reúne dezenas de trabalhos expostos sob a forma de painéis. São estudos realizados em diferentes partes do Brasil e do mundo e que apresentam diferentes abordagens. Um deles, por exemplo, analisou o conhecimento e o comportamento de estivadores do Porto de Manaus (AM). Outro fez uma revisão da produção científica recente da bi e homossexualidade feminina. Outro, ainda, teve como alvo os alunos de escolas públicas do município de Campos dos Goytacazes.


A pesquisadora da Fiocruz Amazonas Joycenéa Matsuda aplicou questionário a 30 estivadores do Porto de Manaus, que tinham em média 34 anos e, em sua maioria, ensino fundamental completo. Os resultados mostraram que 40% não conheciam bem os sintomas das DST e 40% também relataram já ter tido uma DST. Quanto à camisinha, 45% disseram não usá-la nunca, 42% afirmaram que a utilizavam às vezes e somente 13% contaram que sempre faziam uso do preservativo – dados que, segundo a pesquisadora, demonstram a vulnerabilidade dessa população e a necessidade urgente de desenvolver medidas de prevenção no Porto de Manaus. Estas medidas seriam importante estratégia para impedir a interiorização da epidemia no Amazonas, visto que 85% dos casos de HIV/Aids do estado estão em tratamento na capital.


Também da Fiocruz, as pesquisadoras Claudia Mora e Simone Monteiro analisaram a produção científica nacional e internacional dos últimos 15 anos relativa a bi e homossexualidade feminina e suas implicações para o controle das DST/Aids. Por meio de buscas nas bases de dados Medline e Sociological Abstract e nos acervos de instituições brasileiras de ensino e pesquisa, localizaram 100 trabalhos, um número pequeno se comparado ao de estudos sobre homossexualidade masculina. Embora relativamente poucos, os trabalhos identificados evidenciavam uma baixa percepção de risco para DST/Aids entre mulheres bi e homossexuais, o que, somado ao problema da discriminação social, aumenta a exposição destas mulheres às doenças.


Já uma parceria entre a Fiocruz e a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) teve como objetivo avaliar o conhecimento de alunos de escolas públicas sobre a Aids. Dos cerca de 320 estudantes que participaram da pesquisa, 3,5% acreditavam que era possível contrair a doença por meio de um abraço e 12,6% responderam que morar na mesma casa e compartilhar utensílios com um portador do HIV também são fatores de risco para a doença. Estes resultados, de acordo com as pesquisadoras, revelam que a desinformação pode ser responsável por grande parte do preconceito. O levantamento também mostrou que 32% dos alunos não sabiam que o leite materno pode transmitir o HIV e 29,3% deles não conheciam o preservativo feminino.