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10/05/2013

Parceria institui Centro de Referência Nacional em Síntese de Fármacos

Aline Silva de Souza


Foi assinado na terça-feira (6/5), no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM) do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), no Rio de Janeiro, o Termo de Compromisso com vistas à implantação do Centro de Referência Nacional em Síntese de Fármacos, o FioFarmo. A iniciativa é mais uma parceria entre o Ministério da Saúde e a Fundação visando garantir a soberania tecnológica na área da farmoquímica. Para o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, a cerimônia marca “o renascimento da farmoquímica no Brasil”. Com a proposta de implantação do FioFarmo espera-se incorporar mais uma etapa na cadeia produtiva de medicamentos e desenvolver processos sintéticos dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) que atendam à demanda do setor público. Além disso, com a implantação do centro de referência, o Ministério da Saúde reduzirá os custos com os medicamentos incorporados ao SUS e favorecerá a produção pública de medicamentos.


 O secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e o diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe 

O secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e o diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe 


Na ocasião, o diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe, falou sobre a importância da parceria. “Este é mais um passo que Farmanguinhos dá no apoio à política de incentivo a indústria”. Na apresentação do projeto, a chefe do Laboratório de Síntese Química de Farmanguinhos, Núbia Boechat, fez uma breve abordagem sobre a história da indústria farmoquímica no Brasil, setor que, segundo ela, apresenta, atualmente, um déficit na cadeia produtiva da saúde (cerca de U$ 12 bilhões). O MS, por meio da portaria 1.284/10, tem uma lista de 87 medicamentos considerados estratégicos à saúde da população. Entretanto, dos fabricantes de insumos farmacêuticos, observou, apenas 2% são produzidos por laboratórios oficiais, 2% por laboratórios privados e 96% são importados, disse Núbia. O Termo de Compromisso foi assinado pelo presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, pelo secretário Carlos Gadelha,  pelo vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Jorge Bermudez, pelo diretor-executivo de Farmanguinhos, Hayne Felipe, e pela pesquisadora e coordenadora do projeto, Núbia Boechat.


Para a construção do FioFarmo serão investidos R$ 33 milhões. Deste total, R$ 15 milhões serão destinados a equipamentos, R$ 10 milhões à obra civil, R$ 5 milhões para consumos e R$ 3 milhões para o pagamento de serviços de terceiros. O terreno onde ficará localizado o centro de referência terá um total de 10 mil metros quadrados, 2 mil dos quais serão ocupados pelo prédio de dois andares, incluindo a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). O projeto já teve algumas etapas finalizadas, como a definição do cronograma de atividades e do grupo de fármacos do 1º portfólio. Neste momento, os profissionais estão em busca dos fornecedores dos insumos e da definição das rotas sintéticas. Entre os fármacos que serão produzidos inicialmente estão o anti-helmíntico Dietilcarbamazina; os antimaláricos Mefloquina, Primaquina e Cloroquina; os antituberculostáticos Isoniazida, Pirazinamida e Etionamida; e os antirretrovirais Nevirapina e Efavirenz (estes dois últimos fazem parte de PDPs em andamento).



Durante a assinatura do termo, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, destacou que as políticas de incentivo ao desenvolvimento industrial não devem ser concentradas apenas no setor de biofármacos. Segundo Gadelha, apesar desse segmento apresentar grande crescimento, há a necessidade de investimento nas farmoquímicas devido à grande dependência do país a esses produtos, cerca de 80%. Para Gadelha, a Fiocruz mais uma vez, terá grande importância na saúde pública da população. “Essa iniciativa preenche uma lacuna na área da saúde e fecha o lugar estratégico de Farmanguinhos para o país. A cada passo, a unidade tem avançado na sua missão”, disse. Além da redução os preços dos medicamentos ao SUS, Gadelha afirmou que a construção do FioFarmo ajudará na Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs). “Esse projeto dará condições de nós caminharmos com as PDPs que envolvam farmoquímicos”, afirmou.


Para o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, o laboratório será primordial nas políticas do Ministério da Saúde. “O projeto do FioFarmo colocará Farmanguinhos como âncora da política de transferência de tecnologia e da política nacional de farmoquímica”, disse. A proposta do projeto para a implantação do centro de referência foi apresentada em dezembro do ano passado e não possui objetivo de competir economicamente com outros fabricantes de IFAs em atuação no Brasil, cerca de cinco, de acordo com Núbia. Outras perspectivas positivas com a implantação do FioFarma estão relacionados à formação de pessoal qualificado, à produção de novos protótipos em escala piloto e à incorporação do know how em processos envolvendo os IFAs.


Publicado em 9/5/2013.

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