Parceria permite comparar proteínas codificadas nos genomas já descritos

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Avanços tecnológicos recentes permitiram aos pesquisadores descrever com rapidez o genoma completo de centenas de organismos de interesse médico, comercial ou industrial. Para a medicina, em especial, o desafio que atualmente se impõe é comparar essas informações para gerar conhecimentos que permitam desenvolver, por exemplo, novos medicamentos, vacinas e meios diagnósticos. É o que pretende o projeto da equipe do químico Wim pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz. Este é o primeiro trabalho brasileiro aprovado para participar do programa de responsabilidade social da IBM chamado World Community Grid (WCG).

 O pesquisador Wim Degrave apresenta o projeto (Foto: Ana Limp)

O pesquisador Wim Degrave apresenta o projeto (Foto: Ana Limp)

Até agora, mais de 400 genomas já foram completamente descritos por cientistas do mundo inteiro e comparar todos eles seria uma tarefa árdua que, realizada por métodos convencionais, levaria anos. Com a tecnologia desenvolvida pela IBM, que utiliza a capacidade ociosa de computadores comuns, o trabalho poderá ser completado em apenas dois meses, além de ser continuamente revisto e atualizado, na medida em que forem disponibilizadas pelos cientistas novas seqüências genômicas.


“Nosso projeto possibilitará atribuir funções a todas as proteínas já preditas e confirmar informações hipotéticas apontadas por pesquisadores em outros estudos sobre genomas”, aponta Degrave. “Essa confirmação é essencial, sobretudo em relação às pesquisas genéticas iniciais, que ainda utilizavam tecnologias de baixa precisão”.


A equipe pretende também analisar todos os aspectos significativos das proteínas estudadas, ao contrário dos trabalhos anteriores, que apenas tentavam compreender seus componentes principais. As análises funcionais das proteínas e os estudos sobre as interações entre elas são importantes para desvendar como as células e os microorganismos interagem com seus ambientes e/ou hospedeiros, o que abre portas para o desenvolvimento de novas estratégias tanto de controle de parasitas e doenças infecciosas quanto de tratamento de doenças metabólicas e crônicas ou degenerativas.


Além disso, o banco de dados formado possibilitará aos cientistas fazer deduções sobre a evolução das proteínas e, portanto, sobre a evolução dos genomas, da bioquímica e da estrutura dos diversos organismos, contribuindo para as abordagens experimentais da análise da biodiversidade do planeta.


“O World Community Grid é uma verdadeira demonstração mundial da inovação que faz diferença”, celebra Sirlene Toledo, executiva de programas de responsabilidade social da IBM Brasil. “Estamos muito orgulhosos de que o Brasil tenha conseguido submeter uma pesquisa de tal porte e relevância”. O projeto de comparação de genomas é o quarto no mundo – e o primeiro fora dos EUA – a ser aprovado pelo WCG. Sua execução começou no dia 16 de novembro e, ainda neste mês, os primeiros dados processados chegarão à Fiocruz para análise. Outras pesquisas do WCG em andamento estão relacionadas a proteínas humanas, Aids e câncer.

 

O World Community Grid


World Community Grid é uma comunidade mundial criada pela IBM com o objetivo de colaborar com pesquisas científicas relacionadas à saúde e ao meio ambiente, questões biológicas e ambientais. Entre os principais temas estudados pelo WCG estão Aids, câncer e varíola.


Por meio do World Community Grid, qualquer pessoa pode doar o tempo ocioso dos seus computadores para pesquisas como essas. Para participar, basta acessar o site do projeto, clicar no ícone do programa e iniciar o download de um software leve e seguro que conectará a máquina do usuário ao supercomputador que reúne as informações do projeto. Após o registro, o micro do usuário será utilizado todas as vezes em que estiver inativo, buscando, calculando e devolvendo dados ao servidor da organização.


De um modo fácil, rápido e seguro, mais de 200 mil pessoas estão contribuindo voluntariamente com a capacidade de mais de 360 mil computadores para impulsionar a pesquisa contra o câncer, por exemplo. Podem participar computadores com os sistemas operacionais Windows, Linux ou Mac.