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18/01/2013

Perfil de Paulo Gadelha


Graduado em medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mestre em medicina social pela mesma universidade e doutor em saúde pública pela Ensp, Paulo Gadelha atua na gestão institucional da Fundação Oswaldo Cruz desde 1985. Ao longo desses anos, participou da criação de unidades técnico-científicas, coordenando projetos institucionais e as principais instâncias da gestão participativa, tendo atuado como secretário e coordenador das plenárias dos congressos internos desde a criação desse fórum deliberativo, em 1988, até 2009. Nesse processo foi um dos responsáveis pela elaboração do Estatuto da Fiocruz e, de 2001 a 2009, período no qual atuou como vice-presidente, coordenou os Coletivos de Gestores e a elaboração dos planos quadrienais. Foi eleito presidente da Fiocruz em 2008 para o mandato 2009-2012 e reeleito para 2013-2016.

As ações de coordenação institucional e representação política estão presentes desde o início de sua trajetória. Foi o que ocorreu na década de 1970, quando presidiu a Associação dos Médicos Residentes do Rio de Janeiro e a Associação Nacional dos Médicos Residentes, liderando o movimento médico por melhores condições de trabalho e respeito à dignidade profissional. Foram os anos do movimento médico unificado, durante os quais as associações sindicais e outros grêmios associativos tiveram destaque nas políticas públicas e na construção das bases para o Sistema Único de Saúde.

Em meados daquela década, Paulo Gadelha integrou o movimento da Reforma Sanitária, parte do movimento pela redemocratização do país, que gerou o capitulo de Seguridade Social e Família na Constituição de 1988 e a Lei do Sistema Único de Saúde, em 1990. Durante o processo que culminou na criação do SUS, em 1986, foi delegado com participação ativa na 8ª Conferencia Nacional de Saúde. Coordenada por Sergio Arouca, ela representou um marco na Reforma Sanitária e na discussão sistematizada sobre os princípios norteadores do Sistema Único de Saúde, além de ter sido fundamental para as diretrizes referidas à participação e ao controle social. Paulo Gadelha participou ativamente das conferências nacionais de Saúde que se seguiram, integrando os gruposde relatoria na 9ª, 10ª e 11ª. A convite de Sergio Arouca, à época secretário de Gestão Participativa do Ministério da Saúde e coordenador da CNS, foi o Relator Geral da 12ª Conferencia Nacional de Saúde, em 2003.

Nos anos iniciais de sua atuação na Fiocruz, foi responsável pelo projeto de criação e implantação da Casa de Oswaldo Cruz, com os objetivos de preservar a memória e realizar pesquisas históricas nos campos da saúde pública e da medicina no Brasil. Nessa unidade coordenou projetos de pesquisa e de constituição de acervos documentais, desenvolvendo investigações e atividades nos campos da assistência médica, da história de doenças, da história social em ciência e saúde, além de se dedicar a ações de divulgação científica e educação não formal em ciências. Com a transformação da Casa de Oswaldo Cruz em unidade técnico-científica, em 1987, assumiu sua direção, cargo que exerceu até 1997. Nessa unidade foi também responsável pela criação do periódico: História Ciências Saúde Manguinhos, uma das principais revistas de história do País. E pela estruturação do projeto que daria origem ao Museu da Vida, classificado em primeiro lugar no Edital lançado pela Capes em 1994, hoje referência no campo da divulgação científica e educação não formal. Na área de divulgação científica foi membro do International Science Centers Board, coordenou o IV Congresso Mundial de Museus e Centros de Ciência e a EXPO interativa: Ciência para todos, recorde de público visitada por mais de 100 mil pessoas, e assumiu a curadoria de diversas exposições.

No plano das atividades acadêmicas, destacam-se a organização de eventos de caráter internacional, a organização de obras de referência e a participação em conselhos editoriais de renomados periódicos. Foi coordenador da Editora Fiocruz de 2001 a 2005, período no qual exerceu a Vice-Presidência de Desenvolvimento Institucional, Informação e Comunicação, e membro de seu conselho editorial desde 1994.

Em termos de coordenação e desenvolvimento de projetos institucionais, além das ações anteriormente mencionadas, Paulo Gadelha exerceu a coordenação geral da Comissão das Comemorações do Centenário da Fiocruz, de 1999 a 2000. Posteriormente representou a Fiocruz no Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz da MataAtlântica, em 2003, coordenou a Comissão do Centenário da Descoberta da Doença de Chagas, em 2009 e participou da coordenação do seminário internacional em celebração dos 30 anos de erradicação da varíola.

Em sua trajetória, merecem destaque as atividades de representação institucional e de contribuição para sociedades científicas e conselhos nacionais e internacionais com papel de relevo na pesquisa e na formulação de políticas públicas para a ciência e a saúde em âmbito nacional e internacional. Paulo Gadelha participou de 2001 a 2008, da Comissão Intersetorial de Ciência e Tecnologia do Conselho Nacional de Saúde e representou a Fiocruz no processo de institucionalização da iniciativa "Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi)", parceria para o desenvolvimento de projetos, com ampla repercussão mundial, voltados ao desenvolvimento de produtos para o tratamento de doenças relacionadas à pobreza. Presidente da Abrasco no biênio 2005-2006, coordenou o 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em parceria com a Federação Mundial de Associações de Saúde Pública.

Desde 2008, é membro do Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde (GECIS) e atualmente é presidente do Comitê de Entidades no Combate à Fome e Pela Vida (COEP) no Rio de Janeiro e da Comissão Brasileira de Drogas e Democracia (CBDD), ambas desde 2009. Antes de assumir a Presidência da Fiocruz, Paulo Gadelha foi vice-presidente nos períodos entre 2001 e 2004 (Vice-Presidência de Desenvolvimento Institucional, Informação e Comunicação) e 2005 a 2008 (Vice-Presidência de Desenvolvimento Institucional e Gestão do Trabalho). Durante esses períodos coordenou a realização dos concursos públicos, o Coletivo de Gestores da instituição, a elaboração de seus planos quadrienais e a implantação de mestrados profissionais que propiciaram a ampliação da qualificação e a excelência institucional e possibilitaram o crescimento profissional de trabalhadores da Fundação e de outras instituições. No campo dos recursos humanos, liderou a comissão da Presidência que viabilizou diferentes ações de valorização do servidor da Fiocruz, como o Plano de Carreiras próprio e a liberação e pagamento do Plano Bresser.

Em 2009, Paulo Gadelha assumiu a Presidência da Fiocruz para a gestão de 2009 a 2012. Neste período, vem contribuindo para a consolidação da Fiocruz como órgão estratégico do Estado brasileiro. Nele se verificaram o incremento do orçamento da Fiocruz, inovações no campo da gestão; a realização de concurso público; o investimento em pesquisa nas diferentes unidades da Fiocruz; a ampliação da dotação orçamentária para o PDTSP e PDTIS; a expansão dos cursos de pós-graduação, com reforço das ações solidárias entre os programas e as regiões do país; propostas no âmbito da produção, da inovação, da vigilância, da educação e da atenção e promoção da saúde; o apoio a diferentes projetos e iniciativas do campo da informação e comunicação, entre os quais a transformação do Canal Saúde em uma emissora de televisão; e a criação de ações inovadoras no segmento da cooperação, tecnologia e inovação social.

No período, houve a designação de duas de suas unidades como institutos nacionais – órgãos auxiliares do Ministério da Saúde no desenvolvimento, coordenação e avaliação das ações integradas para a saúde. O Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e o Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), tornam-se, respectivamente, Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente e Instituto Nacional de Infectologia.

A gestão de Paulo Gadelha atuou também alinhada à política do Governo Federal de expansão e regionalização das atividades de ciência e tecnologia, com vistas ao fortalecimento da capacidade de intervenção do Estado, aliada a uma política de redução das desigualdades regionais. Esta política permitiu a formulação de um projeto de ampliação da presença nacional da Fiocruz. A cobertura nacional da Fundação está orientada por um princípio fundamental do SUS: a regionalização, que implica o processo de descentralização das ações e serviços de saúde e os processos de negociação e pactuação entre os gestores.No plano internacional, a Presidência reforçou, com a criação do Cris/Fiocruz, o papel da instituição como a inteligência do setor saúde para apoiar a política externa brasileira, principalmente no tocante às relações com os países da América Latina, da África e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). A primeira reunião no Brasil da Rede Pasteur e do Board do DNDi; a criação do Pró-Isags,que resultou em 2011 na criação do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isags); a consolidação do escritório da Fiocruz e da fábrica de medicamentos em Moçambique e a intensa participação da Fiocruz em organismos multilaterais também foram destaques no período.

Publicado em 18/1/2013.

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