Dados dos últimos inquéritos sobre saúde bucal mostram que boa parte da população brasileira não tem acesso aos serviços de saúde odontológicos. No Rio de Janeiro, apesar de a oferta estar acima dos padrões — quando avaliada por meio da relação dentista/população, o estado apresenta uma média de um cirurgião dentista para cada 607 habitantes, a segunda maior razão em todo o Brasil —, o acesso e a utilização de serviços odontológicos são heterogêneos e estão associados a fatores de natureza social, econômica, cultural e demográfica. Isso é o que mostram Antonio Luís Dias Manhães e Antonio José Leal Costa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em um estudo que teve como objetivo analisar o acesso e a utilização de serviços odontológicos no estado.
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Cerca de 14% dos adolescentes brasileiros nunca foram ao dentista, segundo o Projeto SB Brasil 2003 |
Participaram do trabalho 7.756 pessoas subdivididas em três estratos etários: de 15 a 19 anos, de 35 a 44 e de 65 a 74 anos. De acordo com artigo publicado na edição de janeiro de 2008 dos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, “cerca de 14% dos adolescentes brasileiros nunca foram ao dentista, segundo o Projeto SB Brasil 2003. Os idosos brasileiros, por sua vez, apresentam uma baixa utilização de serviços odontológicos. Em seu conjunto, a proporção de idosos que visitaram o dentista há menos de um ano em 2003 (13,2%) foi cerca de três vezes menor que a observada na população idosa americana”.
Os pesquisadores observaram que as proporções de indivíduos que nunca consultaram o dentista foram de 7,6%, 1,8% e 2,6% respectivamente, entre os jovens, adultos e idosos. Os resultados sugerem que indivíduos menos favorecidos em termos sócio-econômicos apresentavam maior limitação de acesso, ou seja, os menos escolarizados (jovens e adultos), com menor renda per capita (jovens e idosos) e com menor posse de eletrodomésticos (adultos) apresentaram freqüência menor de consultas. Além disso, segundo eles, “entre os jovens e os adultos, a posse de plano de saúde mostrou-se inversamente associada à restrição de acesso”.
Os especialistas sugerem que os resultados sejam utilizados na elaboração de medidas que contribuam para a homogeneização do acesso aos serviços públicos odontológicos. “Nós buscamos contribuir para a identificação de desigualdades, com vistas a subsidiar o adequado planejamento de ações de saúde bucal, em consonância com as estratégias para alcançar as metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o ano 2020”, ressaltam no artigo.
Fonte: Agência Notisa