É comum que portadores do vírus HIV sofram com a Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (Siri) após iniciar a terapia antirretroviral, principalmente pacientes em estado avançado de imunodeficiência. Um dos patógenos associados com a Siri é o Complexo Mycobacterium avium (MAC, sigla em inglês), que causa doenças respiratórias. Apesar da incidência de infecção por MAC ter caído drasticamente com a terapia a antirretroviral, a mortalidade por essa infecção ainda se mantém alta.
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Andrade, participou, juntamente com pesquisadores do National Institutes of Health (NIH), nos Estados Unidos, de um estudo que analisou o surgimento de células T CD4+ com potencial citotóxico e inflamatório nos pacientes HIV positivo acometidos por MAC-Siri. Pacientes não infectados por HIV, que apresentaram infecção pulmonar por MAC, também foram incluídos na pesquisa para comparação dos resultados.
Os estudiosos investigaram respostas de monócitos de células T CD4+ in vitro, expressão de fator de necrose tumoral em tecidos e citocinas plasmáticas e marcadores inflamatórios, para analisar se a Siri representa uma resposta do sistema imunológico ou seria uma anomalia. O trabalho intitulado Emergence of Polyfunctional Cytotoxic CD4+ T Cells in Mycobacterium avium Immune Reconstitution Inflammatory Syndrome in Human Immunodeficiency Virus-Infected Patients foi publicado no periódico Clinical Infectious Diseases.
A equipe observou que, durante a Siri, houve restauração da produção de fator de necrose tumoral em monócitos em resposta a inflamação pelo MAC. Além disso, células T CD4+ específicas de MAC aumentaram substancialmente durante a Siri, em níveis mais altos que dos pacientes não infectados por HIV. É provável que a terapia antirretroviral tenha causado a diferença de resultados entre pacientes HIV positivo e negativo na disseminação de infecção por MAC.
Os pesquisadores concluíram que a infecção por HIV em estado avançado não leva ao comprometimento da produção de citocinas de monócitos e macrófagos após início da terapia antirretroviral, sendo capaz de controlar eficazmente a infecção por MAC. Também, não ficou claro se as respostas das células e monócitos durante o MAC-Siri são uma resposta do sistema imunológico ou uma anomalia.
Poucos casos de pacientes HIV positivo com infecção por MAC que não desenvolveram IRIS e o fato de a amostra de pacientes HIV positivo com MAC-IRIS ser pequena acabam sendo fatores limitantes para a pesquisa. Esse estudo é um recorte de um pesquisa que está sendo realizada a longo prazo.