Agência Fiocruz de Notícias

Nos dias 1º e 2 de julho, a Cúpula do Science20, grupo de engajamento do G20 para ciência e tecnologia, se reuniu no Rio de Janeiro para formular as bases do comunicado oficial que será endereçado aos chefes de Estado e demais autoridades das 19 maiores economias do mundo, da União Europeia e da União Africana, no encontro de novembro, no Brasil. O Science20 é formado pelas academias nacionais de ciências dos países do G20 e promove um diálogo entre a comunidade científica e os formuladores de políticas. Análogo ao G20, o S20 tem um secretariado rotativo. Neste ano, as discussões estão sob presidência da Academia Brasileira de Ciências (ABC), na figura da presidente da entidade, Helena Nader, que estabeleceu cinco temas prioritários e designou um grupo de trabalho multidisciplinar para cada. Os grupos se reuniram ao longo do primeiro semestre e elaboraram suas recomendações, que foram apresentadas durante a cúpula. O grupo de trabalho Desafios em Saúde: Qualidade, Equidade, Acesso e Preparação para Epidemias e Mudanças Climáticas foi liderado pela chefe do Laboratório de Imunofarmacologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Patricia Torres Bozza, membro titular da ABC desde 2013.

Segundo Patricia, única mulher na liderança entre os cinco grupos do S20, para enfrentar os desafios globais de saúde, as recomendações foram delineadas com foco na promoção da equidade e acesso à saúde, melhoraria na prevenção de doenças e preparação para surtos e epidemias, avanço da saúde digital, priorizando saúde mental e combatendo os impactos na saúde das mudanças climáticas e ambientais. “As recomendações propostas visam desenvolver um sistema de saúde mais equitativo, sustentável e resiliente, enfatizando a saúde preventiva e estilos de vida saudáveis, particularmente em comunidades vulneráveis”, disse a especialista em sua apresentação. 

Dentre os pontos ressaltados pelo grupo, formado por dez cientistas de várias áreas do conhecimento, estava a premissa de que a conquista da cobertura universal de saúde com ênfase na equidade, envolvimento da comunidade e participação, tem o potencial de impulsionar melhorias em vários aspectos da saúde, abrangendo a saúde mental, o gerenciamento de doenças infecciosas e não transmissíveis, saúde materna e infantil e questões de desenvolvimento e longevidade da população. Em um mundo cada vez mais tecnológico, destacaram que estratégias de comunicação eficazes são necessárias para disseminar informações confiáveis sobre saúde e bem-estar e combater a desinformação. Frisaram ainda a importância da abordagem One Health, que reconhece as interdependências entre pessoas, animais e ecossistemas, para abordar as complexas interações entre mudanças climáticas, fatores ambientais e saúde.  

Confira as recomendações propostas pela força-tarefa em saúde no vídeo abaixo.

Os demais grupos de trabalho debateram Inteligência Artificial, Bioeconomia, Transição Energética e Justiça Social. A previsão é de que o documento final seja divulgado na segunda quinzena desse mês. 

Além do Brasil, a Cúpula do S20 reuniu representantes das Academias de Ciências da África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Japão, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, Turquia e a Academia Europaea, representando a União Europeia. Organizações científicas internacionais como a Parceria InterAcademias (IAP), Conselho Internacional de Ciência (ISC), Rede Interamericana de Academias de Ciências (Ianas), Associação de Academias e Sociedades de Ciências da Ásia (Aassa) e o Conselho Assessor das Academias Europeias (Easac) também estiveram presentes no encontro. 

No dia 4 de julho, Patricia Bozza, representando a presidente do S20, Helena Nader, participou de reunião inédita que reuniu os 13 grupos de engajamento do G20 Social com os delegados e delegadas do G20. Patricia apresentou um resumo das recomendações de cada força-tarefa. Ao final, os líderes das nações comentaram as propostas, aprofundando os debates nos temas propostos.

*com informações da Academia Brasileira de Ciências e G20