Pesquisas em imunoterapia e terapia adjuvante vencem o Prêmio Fiocruz Servier

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Ana Paula Blower (Agência Fiocruz de Notícias)
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Após uma difícil seleção diante da qualidade dos projetos inscritos, foram anunciados, nesta quinta-feira (13/6), os três vencedores do 2º Prêmio Internacional Fiocruz Servier, o primeiro em Oncologia. A premiação ocorreu no campus Manguinhos da Fundação, no Rio de Janeiro, com destaque para a comunidade científica que submeteu projetos e a pesquisa brasileira. Entre os critérios de avaliação, estão o grau de inovação tecnológica e o atendimento às necessidades médicas não atendidas do sistema público de saúde. Esses pontos foram notados nas pesquisas vencedoras, que irão receber nos próximos dois anos 50 mil euros (cada) a fim de financiar o trabalho com intuito de gerar produtos e terapias acessíveis e benéficos aos pacientes.

O prêmio é uma iniciativa da Fiocruz e da Servier, com apoio do Inca, da SBOC e SBAM (foto: Peter Ilicciev)

 

Entre os vencedores, estão dois estudos do A. C. Camargo; um sobre biomarcadores de resposta terapêutica e outro de uso de tecnologia de sequenciamento massivo. Houve também um vencedor do Instituto Nacional de Câncer (Inca), com trabalho sobre como potencializar o uso de células CAR-T e resposta imunológica. O prêmio é uma iniciativa da Fiocruz e da Servier, com apoio do Instituto Nacional de Câncer (Inca), da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e da Sociedade Brasileira de Auditoria Médica (SBAM).

Durante a mesa de abertura, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, destacou que a oncologia se tornou uma área prioritária para a Fiocruz, lembrando o lançamento da Estratégia para Terapias Avançadas no tratamento de câncer e doenças raras em março. Para ele, o prêmio faz parte deste processo : “Temos o desafio de transformar a medicina especializada acessível, de nos apropriar dessa tecnologia em prol da população”, disse Mario Moreira, que acrescentou, sobre a parceria que possibilitou o prêmio: “Além da qualidade dos projetos inscritos, o prêmio traz um exemplo de aproximação entre o público e o privado, tendo como interesse primordial o público”. 

O diretor geral da Servier no Brasil, Mathieu Fitoussi, ressaltou, durante a cerimônia, a comunhão de valores com a Fiocruz, tendo como foco de atuação o benefício ao paciente brasileiro em primeiro lugar. “Acreditamos que um novo cuidado é possível”, afirmou ele, que agradeceu a todos os envolvidos no processo da premiação. “Esse prêmio reflete nosso apoio à pesquisa e comprometimento com a medicina personalizada, sempre na busca de melhorar a qualidade de vida dos pacientes”.

O presidente do Institut Servier, Christophe Charpentier, enviou uma mensagem para abrir a premiação. Por vídeo, ele destacou o “dinamismo e o alto nível de qualidade da pesquisa no Brasil” e parabenizou o júri avaliador e os vencedores. “Estamos muito felizes em poder contribuir com pesquisadores e instituições a levarem a frente suas pesquisas. Com esse prêmio, beneficiamos os pacientes, que é o mais importante”. 

Na cerimônia, o presidente da SBAM, Marcos Santos, ressaltou a alta qualidade dos projetos inscritos e a importância da iniciativa para o desenvolvimento da pesquisa clínica no Brasil. O diretor-geral do Inca, Roberto Gil, destacou que, com o prêmio, as pesquisas poderão seguir seus trabalhos e espera-se que, com isso, gerem benefícios reais aos pacientes brasileiros em termos de melhores e mais acessíveis tratamentos.

Premiação

A premiação busca destacar trabalhos com alto potencial de impacto, considerando como critérios: necessidade médica não-atendida, nível de benefício clínico potencial e grau de inovação tecnológica. O processo de avaliação foi anonimizado e conduzido por um júri composto por membros do Inca, da SBOC, da SBAM, da Servier e da Fiocruz, garantindo a imparcialidade na escolha dos vencedores sem que a Fundação e o Inca avaliassem projetos de suas instituições. 

 

O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, detalhou o processo de avaliação e disse que o prêmio ajuda a identificar terapias e produtos que podem integrar o sistema público de saúde brasileiro. Ao todo, foram 37 projetos submetidos, vindos de instituições públicas e privadas - com maioria de públicas. “Os projetos são tão bons que tivemos muita dificuldade em encontrar o melhor. Com o mérito de seus trabalhos, os vencedores que dividem o prêmio alcançaram a pontuação máxima,  São projetos de alto padrão científico-tecnológico e engrandecem o trabalho feito aqui”, disse Krieger.

Para oficializar a premiação, Mario Moreira e Mathieu Fitoussi entregaram placas de reconhecimento aos vencedores. 

Projetos vencedores

Foram três vencedores, que atingiram a mesma pontuação. Entre eles está o estudo NextGeNETs, que aborda o perfil molecular de neoplasias neuroendócrinas após alquilantes e resposta à imunoterapia. O projeto é da diretora do Departamento de Oncologia Clínica do A.C. Camargo Cancer Center, Rachel Simões Pimenta Riechelmann. 

O oncologista clínico do A. C Camargo Cancer Center Rodrigo Taboada representou os vencedores Rachel Simões Pimenta Riechelmann e Tiago Cordeiro Felismino na cerimônia (foto: Peter Ilicciev)
 
 

O outro trabalho premiado é sobre predição de resposta à terapia neoadjuvante em câncer de pâncreas localmente avançado, do líder do Centro de Referências do Aparelho Digestivo Alto do A.C. Camargo Cancer Center e mestrando em Precision Cancer Medicine, na Universidade de Oxford (Inglaterra), Tiago Cordeiro Felismino. 

Outro premiado foi o pesquisador do Inca Martin Bonamino (foto: Peter Ilicciev)

 

Entre os vencedores está também o projeto Potencializando células CAR-T em um protocolo ultrarrápido de manufatura, apresentado pelo pesquisador do Inca, Martin Bonamino.