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09/11/2016

Pesquisas em rede é pauta no segundo dia do evento Zika

Lucas Rocha (IOC/Fiocruz)


Pesquisadores das mais variadas origens se dedicam a desvendar os mecanismos de invasão do vírus zika no organismo humano e o impacto da infecção no sistema nervoso, incluindo a associação a casos de microcefalia em bebês e de síndrome de Guillain-Barré. Os estudos sobre o tema têm ganhado impulso a partir da estruturação de redes de trabalho, potencializando recursos. “A formação de redes de cooperação, em um esforço que reúne diversas instituições, torna mais rápida, mais eficaz e mais barata a produção do conhecimento científico que será transformado em respostas para a sociedade”, destaca Wilson Savino, diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e organizador do evento Zika, promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Academia Nacional de Medicina (ANM) e Academia Brasileira de Ciências (ABC). O tema da cooperação científica ganhou destaque nas discussões do segundo dia do evento, que acontece até quinta-feira (10/11), na sede da ANM, no Rio de Janeiro. A atividade inclui os simpósios The Zika menace in Americas: challenges and perspectives e One year after the announcement of the national public health emergency in Brazil: lessons, achievements and challenges. Os interessados em participar do evento Zika podem se inscrever gratuitamente no local (Av. General Justo, 365 – Centro – Rio de Janeiro – RJ).

Nos últimos meses, instituições de ensino e pesquisa brasileiras e estrangeiras se mobilizaram em prol da criação de redes de trabalho. O diretor científico da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Jerson Lima Silva, destaca o programa elaborado pela instituição, que apoia seis redes de pesquisa voltadas para estudos sobre zika, dengue e chikungunya. O programa prioriza a busca por respostas emergenciais sobre as doenças, incluindo o estudo de novos métodos de diagnóstico sorológico para o vírus zika, ações eficientes de controle do vetor – o mosquito Aedes aegypti – e a criação de métodos terapêuticos, como uma potencial vacina. “A comunidade científica tem feito um trabalho impressionante de qualidade e em grande quantidade, como mostra o grande número de publicações referentes a descobertas recentes sobre o vírus zika. A parceria em pesquisa é fundamental para tratar e prevenir essas doenças”, ressalta Jerson. O programa mobiliza mais de 300 pesquisadores de centros de ciência e tecnologia fluminenses e deve disponibilizar, nos próximos dois anos, recursos da ordem de R$ 12 milhões.

Já a parceria entre a Fiocruz e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, permitiu o desenvolvimento de um estudo que avalia os riscos à saúde de gestantes e bebês diante da infecção pelo vírus zika. “Por meio de um trabalho em rede, estamos desenvolvendo um amplo estudo que permite avaliar o que acontece com os bebês e com os fetos de mães que não apresentam sintomas do vírus zika”, ressalta a pesquisadora Maria Elisabeth Lopes Moreira, coordenadora da Unidade de Pesquisa Clínica do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). 

A pesquisadora apresentou um panorama sobre o estudo Zika in Infants and Pregnancy-ZIP (Zika em Grávidas e Bebês), que tem o objetivo de acompanhar até 10 mil mulheres, a partir no primeiro trimestre de gravidez, para determinar se foram expostas ao zika e avaliar as consequências da infecção para mãe e feto nos casos positivos. Os bebês das mães participantes serão acompanhados pelo menos ao longo de ano após o nascimento.

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