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07/08/2006

Plantas medicinais: Memória da ciência no Brasil

por Adriana Melo












Plantas medicinais:

memória da ciência no Brasil

Tania Maria Fernandes

Editora Fiocruz

260p. R$ 30,00

O uso de plantas no tratamento de doenças, secular nas mais diversas culturas, sofreu muitas alterações desde meados do século 20, quando começaram a ser usados medicamentos sintéticos e industrializados. As fábricas brasileiras foram, em sua maioria, desativadas ou substituídas por multinacionais. O uso de plantas medicinais passou então a ser negligenciado - até algumas décadas atrás, quando os produtos naturais foram recuperados e a sua utilização voltou a ser pesquisada. O estudo científico da flora brasileira e de seu uso terapêutico é o assunto do livro Plantas medicinais - memória da ciência no Brasil, escrito pela farmacêutica, sanitarista e pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC) Tânia Maria Fernandes e lançado recentemente pela Editora Fiocruz.


Hoje a pesquisa de plantas medicinais é feita no Brasil principalmente nas universidades públicas, com a possibilidade de patenteamento dos resultados. As práticas científicas requerem uma divisão do trabalho, que engloba áreas como a identificação do vegetal, o reconhecimento e isolamento dos princípios ativos, a identificação da atividade dessas substâncias no organismo e a sua transformação em produtos úteis para a saúde, seja como fitoterápicos (medicamentos que só têm plantas na sua composição, como chás e extratos) ou fitofármacos (substâncias medicamentosas isoladas de plantas). A atividade reúne conhecimentos desenvolvidos nos laboratórios ou fora deles - como as técnicas de plantio e colheita e o estudo do saber popular, que muitas vezes direciona a escolha do objeto da pesquisa. Profissionais de diversas áreas contribuem na tarefa de transformar plantas em medicamentos: biologia, botânica, farmácia, química, medicina, agronomia, biotecnologia e engenharia genética.


No livro, a autora focaliza a história da pesquisa científica das plantas medicinais da década de 60 - quando se assistiu à organização dos primeiros grupos de pesquisa do tema e foi realizado o primeiro Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, em 1967 - até 2002. Nesse período a pesquisa científica no Brasil, financiada e coordenada pelo Estado, teve um aumento significativo, tanto no que diz respeito ao crescimento do número de instituições, grupos e núcleos como na inserção de profissionais em linhas de pesquisa de várias áreas, inclusive na de plantas medicinais. As agências de fomento, criadas na década de 50, foram fundamentais para esse aumento, fortalecendo e ampliando os programas de pós-graduação e os centros de pesquisa.


É disso que trata o primeiro capítulo do livro: a origem, no Brasil, da indústria farmacêutica e dos grupos de pesquisa em plantas medicinais. O segundo capítulo destaca os grandes projetos na área, as fontes de financiamento que tornaram possível sua implementação e consolidação e a luta dos profissionais pelo reconhecimento e credibilidade científicas. No terceiro capítulo a autora traça um panorama atualizado dos grupos de pesquisa brasileiros e das questões que permeiam a discussão sobre o tema. Para escrever o livro, a autora entrevistou 17 profissionais desse setor, que apresentou um crescimento quantitativo e qualitativo importante ao longo de cerca de meio século.

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