Estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz avaliou o perfil nutricional da população adulta de Niterói (RJ). Cerca de 3.900 pessoas participaram da pesquisa. A prevalência da obesidade variou, em função da faixa etária, de 10% a 21% entre as mulheres e de 6% a 19% entre os homens. Segundo o artigo – assinado pela equipe do médico Luiz Antonio dos Anjos, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) da Fundação e do Departamento de Nutrição Social da Universidade Federal Fluminense (UFF) –, o excesso de peso é um dos mais sérios problemas de saúde pública em vários países e representa fator de risco para hipertensão e diversas outras doenças crônicas.
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As mudanças culturais contribuíram para o maior consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares e para a redução da prática de atividades físicas (Arte: Ambiente & Qualidade de Vida) |
A obesidade é definida a partir do Índice de Massa Corporal (IMC), obtido dividindo-se o peso, em quilos (kg), pela altura, em metros (m), elevada ao quadrado. Se o resultado for igual ou superior a 30 kg/m2, a pessoa é considerada obesa. No entanto, quando o IMC ultrapassa 25 kg/m2, o indivíduo já está acima do peso ideal. No estudo em Niterói – baseado na Pesquisa de Nutrição, Atividade Física e Saúde (PNAFS) –, 46% das mulheres e 50% dos homens apresentavam IMC acima desse valor. Esses dados confirmam que o excesso de peso é um agravo nutricional comum entre a população adulta do município fluminense.
Nos últimos 30 anos, o perfil nutricional dos brasileiros passou por uma transição. Na década de 70, o baixo peso era muito comum, especialmente entre crianças no Nordeste. Com o passar do tempo, esse problema diminuiu, enquanto o excesso de peso se tornou cada vez mais freqüente, sobretudo entre os homens no Sudeste, mas também nas regiões mais pobres do país.
Tanto no Nordeste como no Sudeste, nos anos 80 e 90, a prevalência do excesso de peso aumentou entre as mulheres. Porém, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o problema da pré-obesidade e da obesidade se estabilizou na população feminina, embora continue atingindo uma parcela cada vez maior dos homens, principalmente no Sul do país.
A crescente prevalência da obesidade acompanhou o desenvolvimento socioeconômico e tecnológico e as mudanças culturais – que contribuíram para o maior consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares e para a redução da prática de atividades físicas. Destaca-se, contudo, que, apesar da prevalência elevada de obesidade no Brasil, o baixo peso continua sendo um problema de saúde pública, que atinge, principalmente, mulheres e crianças nas áreas mais empobrecidas do país.