A influência da prática religiosa nas políticas públicas de DST/Aids em Salvador é tema de um dos painéis que serão apresentados durante o 2º Congresso da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) sobre DST/Aids, promovido pela Fiocruz de 14 a 17 de abril, no Rio de Janeiro. Segundo a coordenadora municipal de DST/Aids de Salvador, a assistente social Maria do Socorro Chaves, uma das autoras do trabalho, um diálogo maior entre os saberes da medicina oficial e os da medicina tradicional dos terreiros de candomblé pode trazer diversos benefícios na prevenção dessas doenças.
As mães e os pais de santo são muito respeitados pela população e, quando abrem os terreiros para os médicos e profissionais da saúde, as orientações tendem a ser acatadas. “As ferramentas da medicina oficial não invalidam a questão espiritual, que inclui os banhos de cheiro, os passes e as orações. É preciso respeito à cultura religiosa, numa perspectiva de trabalho articulado”, diz Maria do Socorro.
Desde 2005, a assistente social participa da organização de feiras de saúde em terreiros. De lá para cá, já foram realizadas mais de 100 dessas feiras, além de outras atividades com o mesmo objetivo: fortalecer o diálogo entre a medicina científica e a prática religiosa. O trabalho tem rendido bons frutos. “Já somos procurados por representantes de terreiros que nos solicitam a organização da feira. Temos conseguido uma boa interlocução”, conta.