23/05/2023
Pamela Lang (Agência Fiocruz de Notícias)
"O Brasil está de volta": foi dessa forma que a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, expressou a retomada da agenda internacional do Brasil no campo da Saúde em seu discurso no segundo dia da 76ª Assembleia Mundial da Saúde (22/5). Em sua fala, a ministra reforçou a necessidade de democratizar o sistema internacional de saúde, defendeu a reforma do Regulamento Sanitário Internacional e destacou a resolução inovadora e pioneira que o país está levando ao evento sobre a saúde dos povos originários. Além desses pontos, Nísia Trindade Lima deixou claras as prioridades do Brasil na agenda global.
Ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima deixou claras as prioridades do Brasil na agenda global durante a 76ª Assembleia Mundial da Saúde (foto: Pamela Lang)
“Precisamos nesse momento fortalecer substancialmente os sistemas de vigilância e os sistemas de saúde como um todo. Necessitaremos mais inovação, transferência de tecnologia, financiamento, voltados para sistemas de saúde mais equitativos", defendeu a ministra. "Temos que descentralizar a produção de medicamentos, vacinas e insumos estratégicos para garantir o acesso equitativo em todo o mundo”.
Como parte da delegação brasileira no evento e instituição que tem papel central na estratégia do estado, a Fiocruz tem participado de eventos paralelos com o intuito de avançar em cooperações alinhadas com essa agenda e as necessidades apontadas pelo Ministério da Saúde. Na última segunda (22/5), o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, participou de dois eventos relacionados à produção de vacinas.
Painel fechado de discussão de alto nível que reuniu representantes de diversos países fortemente atingidos pela pandemia de Covid-19 (foto: Pamela Lang)
O primeiro, promovido pela iniciativa global Produção Colaborativa Regionalizada de Vacina (em inglês, Regionalized Vaccine Manufacturing Collaborative - RVMC), foi um painel fechado de discussão de alto nível que reunia ministros da saúde de diversos países fortemente atingidos pela pandemia de Covid-19. Também participaram diretores de agências, empresas e instituições, como a Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (em inglês, Coalition for Epidemic Preparedness Innovations – Cepi) e a Gavi, uma aliança global para vacinas.
No encontro, o presidente da Fiocruz compartilhou a experiência exitosa da instituição no enfrentamento à pandemia relacionada à produção de vacinas e kits para o diagnóstico da doença, mas pontuou os desafios enfrentados na cadeia de suprimentos. “Mesmo tendo uma capacidade produtiva significativa, a Fiocruz enfrentou muitos desafios relacionados à cadeia de suprimentos, em razão da concorrência dos mais simples aos mais complexos insumos de saúde em todo o mundo, além do fechamento de importantes mercados. Esses desafios deixaram clara a necessidade de fortalecer nosso Complexo Econômico-Industrial da Saúde", destacou o presidente da Fiocruz. "O atual governo está empenhado em fortalecer a produção local de medicamentos e outras tecnologias de saúde para melhorar o acesso. Nesse contexto, temos desenvolvido projetos para reduzir a dependência de importações de insumos farmacêuticos ativos e promover a autossuficiência fabril, pensando não apenas em suprir nossas necessidades nacionais, mas também em atender demandas regionais e internacionais”.
Mario Moreira defendeu ainda a união de esforços e a articulação com iniciativas de cooperação importantes, como a Rede de Produção de Vacinas para Países em Desenvolvimento (em inglês, Developing Countries Vaccine Manufacturing Network - DCVMN) e a nova Plataforma Regional para Inovação e Produção de Medicamentos e Tecnologias em Saúde nas Américas (em inglês, Regional Platform for Innovation and Production of Medicines and Health Technologies in the Americas), lançada recentemente pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS).
Fiocruz participou do evento 'Segurança em Saúde Regional e Nacional: do m-RNA a uma estrutura sustentável de produção de vacina' (foto: Pamela Lang)
Ainda como parte da programação da RVMC, a Fiocruz participou do evento Segurança em Saúde Regional e Nacional: do m-RNA a uma estrutura sustentável de produção de vacina. O evento também foi promovido pelo Programa de Transferência Tecnológica da vacina de m-RNA da OMS.
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) foi escolhido pela Opas/OMS em setembro de 2021 para ser um dos hubs regionais de produção dessas vacinas. O programa da OMS visa enfrentar a iniquidade global no acesso a vacinas e garantir a segurança sanitária por meio do aprimoramento da capacidade de produção de vacinas de m-RNA contra a Covid-19 de países baixa e média renda.
A RVMC foi lançada em 2022 durante o Fórum Econômico Mundial Econômico com o objetivo de reduzir a desigualdade na distribuição de vacinas entre poucos países ricos e países de baixa e média renda durante a pandemia de Covid-19.