Produto tóxico pode não estar tão longe das crianças quanto se imagina

Publicado em
Fernanda Marques
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Um estudo piloto feito em Porto Alegre buscou padronizar um questionário para verificar fatores de risco relacionados à ocorrência de eventos tóxicos na infância. Os resultados indicam que esses eventos estão associados à distração do adulto e ao não cumprimento à risca do que dizem os rótulos de produtos químicos: manter fora do alcance das crianças. A pesquisa é um dos trabalhos selecionados para apresentação no 15º Congresso Brasileiro de Toxicologia.


“Muitas vezes, esses produtos não são guardados tão longe das crianças como deveriam”, adverte a toxicologista Carla Luiza Job Ramos, chefe do Núcleo de Prevenção e Educação do Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS). “Crianças pequenas são muito curiosas e levam tudo à boca. Os adultos não podem subestimar a capacidade delas de encontrar e mexer em produtos que não estejam muito bem armazenados”.


Nesse estudo piloto, do tipo caso-controle, Carla entrevistou 18 cuidadores, mães ou responsáveis de crianças com idade inferior a 5 anos levadas às emergências hospitalares devido à ingestão acidental de produtos como medicamentos, inseticidas e plantas. As famílias pertenciam, em sua maioria, à classe social C. Até fevereiro de 2008 a pesquisadora apresentará sua dissertação de mestrado, que envolve a análise de 50 entrevistas.


Por enquanto, os resultados apontam que a ocorrência de eventos tóxicos na infância, a princípio, não está tão associada à falta de conhecimento dos adultos sobre as situações potencialmente perigosas que existem nos domicílios. Os descuidos cotidianos, acreditar que os produtos estavam bem armazenados, apesar da acessibilidade dos mesmos, e a curiosidade inerente das crianças conferem, conseqüentemente, maior vulnerabilidade. “Essas questões comportamentais não podem ser negligenciadas”, recomenda Carla.