Início do conteúdo

30/12/2021

Radis destaca histórias de mulheres que vivem com o HIV

Luiz Felipe Stevanim (Revista Radis)


Jenice fez a escolha pela vida, ao descobrir o diagnóstico positivo de HIV em 1990, aos 30 anos. Com bom humor, hoje ela se considera uma “HIVéia”, uma mulher de 62 anos vivendo com HIV. Também em 1990, Vanessa era uma adolescente de 17 anos, com o primeiro namorado, quando se infectou pelo vírus. Depois de anos de silenciamento, ela criou o perfil SoroposiDHIVA nas redes sociais e entendeu que contar a sua história seria dar voz a muitas outras mulheres. Rafaela nasceu em 1991, quando não havia tratamento nem testagem no pré-natal, e só teve a sorologia descoberta quando o pai e a mãe faleceram em decorrência do HIV. Jacqueline é uma mulher trans, mãe de dois filhos adotivos, casada e feliz — sua história de vida e ativismo se tornou documentário, disponível na Globoplay. Orleandra descobriu a sorologia há 18 anos, durante o pré-natal do único filho, que é sorodiferente, e recebeu um abraço dele, 16 anos depois, quando teve coragem de contar sobre o diagnóstico que mudou a sua vida.

A trajetória dessas cinco mulheres tem em comum a experiência de viver com HIV/aids, mas como disse uma delas, a Orleandra: “O HIV não me define”. Jovens, idosas, brancas, negras, indígenas, heterossexuais, lésbicas, bissexuais, trans, travestis, de diferentes profissões e religiões, as mulheres que vivem com HIV no Brasil ainda enfrentam silenciamentos decorrentes de uma sociedade marcada pelo machismo e pelo preconceito, em que a mulher esbarra em dificuldades para exercer a autonomia sobre seu corpo e garantir tanto cuidado quanto prevenção.

Para fortalecer a luta dessas mulheres por direitos e reconhecimento, combater o isolamento e promover uma rede de apoio, surgiu em 2004 o Movimento Nacional de Cidadãs PositHIVas (MNCP) — que transforma o silêncio em voz e a solidão em exercício de uma cidadania positiva. “Quando uma de nós consegue falar, falamos por muitas outras que não podem, não conseguem ou não desejam falar”, afirma Rafaela Queiroz, secretária executiva do MNCP.

Jenice, Vanessa, Rafaela, Jacqueline e Orleandra são, antes de tudo, mulheres. Elas contam sua história à Radis e falam sobre como cada uma delas lida com a experiência de viver com o HIV. Neste 1º de dezembro de 2021, marcado como o Dia Mundial de Luta contra a aids, completam-se também 40 anos dos primeiros registros de casos, enquanto o mundo vivencia outra pandemia, a de covid-19. Para este ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe a reflexão sobre o tema das desigualdades, com o lema: “Acabe com as desigualdades. Acabe com a aids. Acabe com as pandemias”. Como as mulheres em geral não são vistas como prioridade nas estratégias de prevenção, conhecer as histórias daquelas que vivem com HIV é tanto entender as desigualdades de gênero quanto enxergar o protagonismo que elas exercem na luta contra a Aids.

Continue a leitura da reportagem no site da Radis.

Confira a edição 231 da revista Radis na íntegra. 

Voltar ao topo Voltar