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29/06/2020

Reciis debate comunicação, informação e saúde na pandemia

Roberto Abib (Reciis)


Há alguns meses, a pandemia de Covid-19 mobiliza a comunidade científica, autoridades políticas e a mídia. As Tecnologias de Informação e Comunicação transmitem e geram dados para e sobre as populações, auxiliando nas decisões e orientações do governo e de pesquisadores da ciência e da saúde sobre novas possibilidades de viver diante de uma pandemia que coloca em suspensão a circulação, a rotina, as certezas e as verdades das sociedades contemporâneas. Neste segundo número de 2020, a Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (Reciis) apresenta discussões sobre esta emergência sanitária de escala mundial na perspectiva do seu foco e escopo: a Comunicação e a Informação na interface com o campo da Saúde. 

Na nota de conjuntura Saúde e política na crise da Covid-19: apontamentos sobre a pandemia na imprensa brasileira, Luiz Marcelo Robalinho, apresenta um diagrama midialógico da Covid-19 que compara a produção semanal de notícias sobre o novo coronavírus com a curva de evolução dos registros epidemiológicos no Brasil. O autor constata que o valor de noticiabilidade sobre a pandemia está na contramão com a evolução progressiva das tendências epidemiológicas. Robalinho sugere que tal comportamento da mídia se deve a um pico de saturação do tema nos meios de comunicação e, particularmente, no Brasil também à emergência de uma crise política, que passa a ganhar mais atenção nos noticiários. 

Em entrevista à Reciis, chamada de anúncio deste número, o vice-diretor de pesquisa, ensino e desenvolvimento tecnológico do Instituto de Comunicação, Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), Christovam Barcellos, conta sobre os desafios e atuação da fundação frente à pandemia. Geógrafo e engenheiro sanitário, Barcellos propõe pensar a pandemia diante de um país de profundas desigualdades, sugerindo que a Covid-19 produz uma nova organização espacial que reforça a existência de comunidades tanto solidárias como individualistas. Para o pesquisador, a pandemia revela que o direito a Comunicação e Informação se torna uma pauta imprescindível numa agenda pela igualdade e justiça social. 

Comunicação e Meio ambiente

No mês do Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), o número conta com o dossiê Comunicação e Meio ambiente, uma coletânea editada por Isaltina Mello Gomes, Priscila Muniz de Medeiros e Pieter Maeseele, a qual procura problematizar discursos conciliadores e, por isso, inibidores de contradiscursos e contra-argumentos das agendas ambientais, e as ‘síndromes’, como a espetacularização de tragédias, que encobre a possibilidade de uma abordagem sistêmica sobre o meio ambiente. O dossiê abre com uma contribuição teórica aos estudos sobre as epistemologias do jornalismo ambiental em A contribuição do princípio da precaução para a epistemologia do Jornalismo Ambiental. 

Na sequência, apresentam-se dois trabalhos que têm como objeto o jornalismo em estudos sobre a poluição na Baía da Guanabara na cidade do Rio de Janeiro e sobre o desastre em minas ocorrido em 2018 em Barcarena (PA): A poluição na Baía de Guanabara e a emergência da pauta ambiental no jornal O Globo e Desastre da mineração em Barcarena, Pará e cobertura midiática: diferenças de duração e direcionamentos de escuta. Compõem também o dossiê artigos que discutem questões ambientais na comunicação institucional e em documentário televisivo, respectivamente em: A mineração de urânio em questão: análise da comunicação pública das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) em Caetité, Bahia; e Da ‘volta à natureza’ pelo ‘milagre das Olimpíadas’: narrativas de salvação do Rio de Janeiro no documentário para televisão Naturopolis

Sobrevivente em meio a pandemia

Além disso, o número é composto com a publicação de artigos aceitos por meio de fluxo contínuo, os quais pensam a comunicação e a informação na interface com a saúde em questões como fake news e desinformação, racismo, sexismo e políticas nacionais de saúde. A edição termina com uma resenha sobre o filme documentário O Espírito de 45 na qual a autora propõe refletir sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), um sobrevivente, que em tempos pandêmicos como os de agora, tem se revelado fundamental para o controle da saúde e proteção da vida da população brasileira. 

A Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (Reciis) é editada pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). 

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