09/09/2022
Agência Fiocruz de Notícias (AFN)
Mesmo a distância física não foi capaz de frear a cooperação entre países e instituições durante a pandemia de Covid-19. Pelo contrário. O Relatório de Atividades Internacionais da Fiocruz 2019-2021 mostra uma intensa ação da Fundação nesse campo no período, não só com o contrato de transferência de tecnologia que possibilitou a produção da vacina com IFA 100% nacional contra a doença, mas também com um estreitamento ainda maior das relações com outros institutos nacionais de saúde e organismos multilaterais, por exemplo.
Organizado pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), o relatório de 105 páginas parte de informações fornecidas pelo próprio Cris, pela Câmara Técnica de Cooperação Internacional e demais institutos da Fundação. "A articulação em rede fomentou parcerias internas, nacionais e internacionais, salientando a importância da cooperação em períodos de crises e emergências. Cabe registrar que a cooperação internacional sofreu grandes prejuízos com as restrições de viagens e o distanciamento físico", diz o relatório.
Coordenador do Cris/Fiocruz, Paulo Buss ressalta no entanto que o mundo científico soube se adaptar rapidamente a essa realidade, usando mecanismos tecnológicos para a comunicação à distância. Ele destaca a intensificação dos laços "particularmente entre os institutos nacionais de saúde, que são hoje os equivalentes à Fiocruz na América Latina e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), um dos focos primordiais da nossa cooperação". "Também a cooperação com instituições da Europa e dos Estados Unidos não parou, principalmente com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e o Intituto Pasteur, como indica o relatório", observa Buss.
A Fiocruz enfrentou o desafio da pandemia atuando por meio de diferentes linhas de ação, agrupadas em seis eixos principais: apoio a diagnósticos; atenção à saúde; pesquisa e produção de medicamentos e vacinas; informação e comunicação; apoio às populações vulnerabilizadas; e educação. Essas respostas, como no acordo com Oxford/AstraZeneca para a produção da vacina Covid-19, trouxeram projeção nacional e internacional, que se traduziu em convites para compor organizações/conselhos, projetos de pesquisa e grupos consultivos, destaca o informe.
Na Diplomacia da Saúde, o documento ressalta a intensificação da participação da Fundação em fóruns mundiais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas (ONU) e outros organismos. Em setembro de 2021, por exemplo, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, passou a integrar o conselho da Cepi (Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias), parceria global entre instituições públicas, privadas, filantrópicas e da sociedade civil para financiar pesquisas de desenvolvimento de vacinas contra epidemias.
Com funções gerenciais e de observatório da saúde global, o Cris/Fiocruz, por sua vez, publicou 42 informes quinzenais sobre Saúde Global e Diplomacia da Saúde, que buscavam analisar, diante da pandemia, a resposta do sistema multilateral, das Nações Unidas, das grandes regiões do mundo e dos clubes de países. Esses cadernos resultaram em dois e-books. Paralelamente, os seminários avançados trouxeram autoridades e especialistas como a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet; a diretora da Organização Pan-americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne; o ex-chanceler Celso Amorim; a representante da Opas no Brasil, Socorro Gross; e o economista americano Jeffrey Sachs. Para Buss, as tecnologias à distância chegaram para ficar e devem continuar sendo um instrumento valioso na cooperação internacional.