09/08/2006
Fernanda Buarque de Hollanda
Na semana passada (de 06/09 a 09/09), a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) recebeu a visita de representantes da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que vieram ao Brasil para participar de reuniões de trabalho e da cerimônia de transferência oficial da Secretaria Executiva da Rede Internacional de Técnicos em Saúde ? cuja sede era a Escola de Saúde Pública da Costa Rica ? para a EPSJV. Dentre os participantes, estava a enfermeira argentina Silvina Malvárez, mestre em saúde materna e infantil. assessora regional de Desenvolvimento de Recursos Humanos em Enfermagem e Técnicos em Saúde da Opas, Silvina, em entrevista à Agência Fiocruz de Notícias (AFN) fala sobre a importância da Rets, os benefícios da transferência para a EPSJV e os novos projetos para reestruturação da Rede, fundada em 1996, na Cidade do México, e desativada em 2001.
Agência Fiocruz de Notícias: Qual a relevância de um projeto como a Rede Internacional de Técnicos em Saúde para os países-membros?
Silvina Malvárez: A Rede foi, por muito tempo, mobilizada pelo Núcleo de Desenvolvimento da Escola de Saúde Pública da Costa Rica. A Rets consistiu num projeto muito interessante e o mais importante dessa mobilização foi o desenvolvimento gerado dentro dos países membros. Havia então muitas trocas sobre as experiências de capacitação de técnicos e o desenvolvimento de escolas novas voltadas para a formação de técnicos. Sendo assim, tentamos agora promover a reativação desta idéia, com a rearticulação de instituições já vinculadas à Rets e com as visitas a novas instituições, com objetivo de integrá-las à Rede.
AFN: Que pontos positivos e benefícios a transferência da Secretaria Executiva da Rets para a EPSJV poderá trazer?
SM: O ponto mais positivo da transferência é a possibilidade que tem a Escola Politécnica de rearticular a Rets, que por diversos motivos estava desativada. Os benefícios serão a retomada do movimento, da mobilização e da vinculação dos países no desenvolvimento da formação dos técnicos em saúde.
AFN: Durante as últimas reuniões foram definidos novos projetos para a Rets. Quais os principais pontos acordados?
SM: Na reunião da terça-feira (06/09), quando foi discutido o Programa de Ampliação de Livros-Textos (Paltex), com a presença de membros da EPSJV, do Centro Colaborador de Ribeirão Preto e da diretora da Escola de Saúde Pública da Costa Rica, Alcira Castillo, analisamos o fato de existirem poucos textos em português para técnicos e enfermeiros. Foi apresentada então a idéia de compor uma lista de textos, neste idioma, para incluir no Paltex da Rets. Já as demais reuniões foram dedicadas aos temas da transferência da Rets e sua reativação, além de uma consulta sobre o documento da cooperação para o desenvolvimento de técnicos em saúde. Nossos objetivos foram alcançados dentro do esperado e foram discutidos também vários projetos muito importantes, mas essencialmente a elaboração de uma comunicação com os novos membros para mobilizá-los à rearticulação da Rede, a criação de um sítio virtual e a realização do Fórum Internacional de Educação de Técnicos em Saúde.
AFN: Que assuntos ainda precisam ser discutidos para promover a reestruturação da Rets?
SM: Creio que discutimos com profundidades questões muito importantes. A Escola trouxe uma proposta muito interessante, que foi agregada a outra idéias, além disso percebemos as diferenças do que o Brasil entende sobre a formação de técnicos e o que outros países pensam sobre o tema. Esta Escola têm uma concepção de educação profissional que difere da visão de educação profissional e universitária e de formação técnica das demais. A outra questão estava relacionada à definição das dimensões da formação de técnicos: quais são as competências, quais escolas entram ou não entram nessa definição. Outro campo de discussão muito bom tratava da questão ética e política do desenvolvimento de técnicos de saúde. Esta discussão foi orientada no sentido de contribuir e prover acessos a serviços de saúde e salubridade, adotar a Opas como um projeto integrador de atenção à saúde, de forma a entender a saúde como um direito e a educação como um processo de construção coletiva e de dignificação humana.
AFN: Nesse novo momento, de reativação da Rets, qual será o seu papel?
SM: Como assessora de recursos humanos, meu papel continuará a ser o de promover o desenvolvimento das capacidades nacionais, nas áreas de enfermagem e de técnicos em saúde, em favor da educação, da melhoria e da planificação das organizações profissionais. E, mais especificamente, acompanhar a reativação e facilitar os vínculos a partir da Opas, que por ser uma entidade internacional poderá contribuir para fortalecer estes vínculos de cooperação técnica.
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