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02/03/2012

Retinopatia em prematuros: programa de prevenção pode evitar cegueira em bebês


A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença que afeta bebês prematuros e, se não tratada a tempo, pode levar à cegueira. Visando um diagnóstico mais rápido da doença, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro firmou parceria com o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) para a implementação de um programa de prevenção da cegueira por ROP por meio do diagnóstico e tratamento precoce, além da capacitação de profissionais envolvidos no cuidado neonatal. O programa – uma parceria com a Christoffel Blindenmission (Alemanha) e o Standard Chartered Bank (Inglaterra) – fará a doação de equipamentos para o diagnóstico e tratamento da doença.


 A administração e o monitoramento inadequados de oxigênio, infecção e controle de temperatura inadequado podem propiciar o desenvolvimento da ROP dos bebês nas UTIs neonatais

A administração e o monitoramento inadequados de oxigênio, infecção e controle de temperatura inadequado podem propiciar o desenvolvimento da ROP dos bebês nas UTIs neonatais





Na primeira fase da parceria, realizada em 2011, enfermeiros e neonatologistas de unidades hospitalares com UTI neonatal na rede estadual participaram do treinamento no IFF. Foram selecionados um médico oftalmologista e líderes da enfermagem dos seguintes hospitais: Regional de Araruama, Melchiades Calazans, da Mulher Heloneida Studart, Adão Pereira Nunes, Rocha Faria, Azevedo Lima e Albert Schweitzer.


A capacitação prossegue em 2012 e os oftalmologistas treinados já começaram a realizar os exames. "Tanto para realizar o exame, quanto para o tratamento, é necessário treinamento. Porém, é um processo relativamente simples se comparado com outros procedimentos de uma UTI neonatal", compara a oftalmologista Andréa Zin, coordenadora do Programa de Prevenção à Cegueira por Retinopatia na Prematuridade.  A conscientização que acompanha a retinopatia traz a reboque uma série de outras preocupações com o cuidado do recém-nascido prematuro", completa.


A doença e os prematuros



A ROP atinge especialmente os prematuros pois seu olho ainda não está completamente formado. Por estar intimamente ligada aos prematuros, a retinopatia está relacionada às práticas de cuidados neonatais. A administração e o monitoramento inadequados de oxigênio, infecção e controle de temperatura inadequado podem propiciar o desenvolvimento da ROP dos bebês nas UTIs neonatais. "Quanto mais estresse para o recém-nascido prematuro, maior o consumo de oxigênio e maiores as chances de ele desenvolver a retinopatia", afirma Andréa Zin.


Nesta etapa da parceria, Andréa e sua equipe farão visitas regulares às unidades para acompanhar o desenvolvimento do que foi apresentado no treinamento. A última foi à UTI Neonatal do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna. "Este é um projeto importante. Por ter uma maternidade de alto risco, o hospital precisa investir em cuidados especiais na prevenção de patologias na formação e evitar doenças que venham a ser um complicados na vida da criança", avalia o diretor da unidade, Manoel Moreira.


Exames de diagnóstico



O exame é indicado para prematuros e pode ser feito a partir da quarta semana de vida do recém-nascido, com o aparelho oftalmoscópio binocular indireto. Esse exame se repete a cada duas semanas até a 40ª semana (aproximadamente), quando a retina do bebê já está totalmente vascularizada. A doença pode se manifestar de forma branda – pode regredir sozinha – e de forma mais agressiva, podendo levar à cegueira do bebê.


"Esta parceria é importante para melhorar o diagnóstico e diminuir os casos de cegueira neonatal", afirma o coordenador de Maternidades da SES-RJ, Jorge Calás. Os hospitais que participam do programa receberão em breve os aparelhos oftálmicos – para diagnóstico – e o laser móvel, para tratamento. Ele será deslocado entre as unidades de acordo com a necessidade de operação.


Programa na América Latina



O Programa de Prevenção à Cegueira por ROP também está sendo desenvolvido em Lima, no Peru. Lá, desde o início do treinamento, foram tratadas cerca de 20% dos recém-nascidos examinados, um número altíssimo. O ideal é que o tratamento fique em torno de 2% a 4%. "A porcentagem de crianças que chegam à fase de tratamento é um reflexo dos cuidados dispensados nas UTIs neonatais. Quanto mais cuidados, menos bebês desenvolvem a doença e necessitam ser tratados. Esse é o nosso objetivo com o programa", analisa a coordenadora do programa, Andréa Zin.


Publicado em 17/2/2012.

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