07/04/2016
A edição de fevereiro de 2016, volume 21 número 2, da revista Ciência & Saúde Coletiva, disponível on-line, traz detalhes dos resultados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 (PNS 2013) – uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a respeito da situação atual da saúde no Brasil. A PNS apresenta estimativas nacionais e estaduais obtidas de relatos individuais sobre saúde e doenças, fatores de risco e o uso e o grau de satisfação com os serviços de saúde. Também registra as experiências e percepções da população acerca de uma gama de políticas e programas nacionais. Em um sistema de saúde descentralizado, como o brasileiro, avaliações nacionais regulares ajudam a divulgar o trabalho e os esforços dos estados e municípios, incentivando a adoção de melhores práticas. Devido ao amplo tamanho da amostra, a PNS 2013 permitiu o monitoramento das experiências por subgrupos, essencial para avaliar a equidade – objetivo básico do Sistema Único de Saúde (SUS).
A PNS também permite uma análise aprofundada dos indivíduos que sofrem de condições crônicas ou de incapacidade física ou mental. A pesquisa constatou que práticas saudáveis, como parar de fumar ou o consumo adequado de frutas, legumes e verduras, foram mais comuns entre os sobreviventes. Entretanto, eles também relataram maior consumo de álcool e poucas diferenças em relação a outras atividades saudáveis, o que sugere a necessidade de se criar programas específicos para manter essa população saudável. Outra função da PNS é avaliar o progresso de iniciativas nacionais de saúde pública, como o plano de combate às Doenças Não Transmissíveis (DNT).
O artigo Estudo da Mortalidade no Brasil por Doenças Infecciosas, de 2005 a 2010: envolvidos riscos sem manejo de Cadáveres, de Telma Abdalla de Oliveira Cardoso, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz); e Duarte Nuno Vieira, da Universidade de Coimbra, Portugal, objetiva determinar o risco dos agentes etiológicos envolvidos na mortalidade brasileira por doenças infecciosas, identificar e discutir as principais medidas de proteção para os profissionais envolvidos no manejo de cadáveres em situações de desastres, que podem estar expostos aos riscos crônicos, como os vírus transmitidos por via sanguínea, infecções gastrointestinais e tuberculose.
No artigo Qualidade de vida em pacientes da atenção primária do Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil: associações com eventos de vida produtores de estresse e saúde mental, os pesquisadores Flávia Batista Portugal e Mônica Rodrigues Campos, da Ensp/Fiocruz; Daniel Almeida Gonçalves e Jair de Jesus Mari, da Universidade Federal de São Paulo; e Sandra Lúcia Correia Lima Fortes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, identificam a associação entre variáveis demográficas, socioeconômicas, transtorno mental comum, sintomas sugestivos de ansiedade e depressão, os eventos de vida produtores de estresse com qualidade de vida na Atenção Primária (AP). Em estudo transversal realizado com 1.466 pacientes atendidos na AP, nos munícipios de São Paulo e Rio de Janeiro, em 2009 e 2010, foram encontradas associações do domínio físico com os problemas de saúde e discriminação, do psicológico com discriminação, das relações sociais com problemas financeiros/estruturais, causas externas e problemas de saúde, e do meio ambiente com problemas financeiros/estruturais, causas externas e discriminação.
Na resenha do livro No país do Racismo Institucional: dez anos de ações do GT Racismo no MPPE, Mayalu Matos Silva e Rosane Marques de Souza, da Ensp, comemoram a trajetória do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo do Ministério Público de Pernambuco, no desafio de visibilizar uma questão fundamental e pouco discutida, o racismo institucional. "Além de existirem poucas publicações sobre o tema no país, o ineditismo da obra se expressa no amplo diálogo que o livro desenvolve ao explicitar a presença do racismo institucional em áreas diversas. Outro ponto de destaque é a narrativa da rica atuação desse GT, que mostra as potencialidades e os limites da ação de um grupo mobilizado a partir de uma instituição." Elas explicam que o livro é fruto de uma densa pesquisa e dialoga com dados produzidos por trabalhos acadêmicos e políticas públicas para fazer um notável percurso histórico de como o racismo institucional se construiu e se perpetua no país, com foco na população afrodescendente.
Confira, na íntegra, a edição de fevereiro de 2016 (volume 21, número 2) da revista Ciência & Saúde Coletiva, uma publicação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).