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15/12/2005

Salvador registra quatro casos de filariose

Bruna Cruz


Pesquisadores do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz em Pernambuco, detectaram quatro casos positivos de filariose em Salvador, entre indivíduos nativos. Isso indica que a área, até então considerada sob controle para a doença, parece apresentar transmissão da enfermidade que acomete aproximadamente 120 milhões de pessoas em 80 países. Os dados confrontam-se com os estudos realizados naquele estado, em 1976, mostrando que o município de Castro Alves seria o único foco importante da doença.


"Para comprovarmos que existe transmissão ativa na cidade e a sua real dimensão, precisamos dar continuidade à nossa investigação", explicou Zulma Medeiros, pesquisadora do Departamento de Parasitologia do CPqAM. Ela é assessora da área epidemiológica do trabalho de reavaliação de controle da doença que será desenvolvido pelo Serviço de Referência Nacional em Filariose do CPqAM com a Secretaria de Saúde da Bahia até o primeiro semestre de 2006.


O estudo de prevalência de infecção pela doença está sendo realizado entre jovens de 18 a 20 anos que se apresentaram ao serviço militar do Exército. Foram coletadas cerca de 6,4 mil lâminas para fazer o exame da gota espessa (que indica a infecção por filariose). A análise do material ainda não foi concluída.


Na reavaliação de áreas consideradas controladas, a literatura indica utilizar como população de estudo um grupo com maior risco de adquirir a doença. Pesquisas realizadas no Brasil mostram que a filariose atinge mais indivíduos do sexo masculino a partir dos 11 anos, quando comparados com o feminino.


Os indivíduos identificados como positivos para a infecção serão tratados e terão o perfil clínico avaliado, além de serem submetidos a exames complementares para a pesquisa e quantificação das microfilárias (forma larvária da filária, parasita causador da filariose), por meio da técnica de filtração em membrana de policarbonato, pesquisa antigênica com o cartão ICT e com o método Og4C3-Elisa, e ao exame ultra-sonográfico na bolsa escrotal.


De acordo com as áreas de origem dos indivíduos positivos, serão verificadas, ainda, as condições socioeconômicas e ambientais em que eles estão inseridos. Os residentes no mesmo domicílio dessas pessoas também serão submetidos à investigação.


Numa etapa posterior, será realizado um inquérito epidemiológico e entomológico nas áreas de origem dos casos positivos para averiguar, com esse conjunto de informações, se a filariose foi ou não controlada em Salvador.


O Ministério da Saúde deve reavaliar sete antigos focos de filariose considerados controlados no Brasil: Manaus, São Luís, Castro Alves (BA), Florianópolis, Barra de Laguna (SC), Ponta Grossa (PR) e Porto Alegre. A medida visa atender o objetivo proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de que a filariose seja uma doença potencialmente eliminável até 2020. O CPqAM já trabalha para comprovar que a transmissão da doença foi interrompida em Belém. A Região Metropolitana do Recife (RMR) e a cidade de Maceió permanecem como focos da endemia.


 

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