Início do conteúdo

18/09/2006

Sandrá de Sá diz como será sua participação na CNDSS

Catarina Chagas


Segundo a Constituição Federal Brasileira, “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças (...)”. Nesse contexto, a criação da Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), em março passado, representou mais um passo rumo à promoção da saúde da população como um todo, meta que vai muito além da criação de hospitais e postos de saúde e tem como um de seus pilares a mobilização popular acerca dos problemas enfrentados.


Para que isso seja possível, é essencial a participação de pessoas conhecidas pelo grande público, que tenham voz no meio de quem não conhece os grandes cientistas e pensadores envolvidos nessa luta. A cantora Sandra de Sá é uma delas. Em entrevista à Agência Fiocruz de Notícias, falou de suas idéias para fortalecer o combate aos determinantes sociais da saúde e explicou como, em pequenas e grandes ações, pode contribuir para que a CNDSS alcance seus objetivos.


Para os leigos e, provavelmente, para alguns cientistas, soa surpreendente a participação de uma cantora na Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde. Como surgiu o convite e quais as suas principais contribuições?

Sandra de Sá: Eu já tinha contato com o Paulo Buss, presidente da Fiocruz e coordenador da CNDSS, e fui convidada por ele a participar da Comissão. Ele já conhecia as minhas idéias e atuações na área social, principalmente no Rio de Janeiro. Então, vim para esse grupo representando o outro lado, aquele que está longe das técnicas e estudos. Minha participação, como a de pessoas como o Jaguar, é importante para trazer o diálogo com as comunidades, com o povo lá fora.


Na sua opinião, qual a diretriz fundamental a ser assumida pela Comissão?

Sandra:
Eu tenho um lema na minha vida que eu acho que se aplica aqui: “a gente precisa parar de correr atrás e chegar junto”. Fiz até uma música sobre isso, que diz “corri atrás, cheguei depois, nem deu pra ver”. É o risco que a gente corre. Claro que as teorias são importantes, mas chega uma hora em que você tem que arregaçar as mangas e partir para a ação concreta, chegar junto das pessoas. É isso o que está faltando ainda no Brasil.


Nesse sentido, o que a CNDSS pode fazer para que suas ações sejam mais eficazes e tragam mais resultados?

Sandra:
Nós temos que pegar essa teorização toda e levar até a comunidade, explicar o que são determinantes sociais da saúde, como eles podem combatê-los. Mostrar que, em vez de ficar esperando os deputados, prefeitos ou vereadores fazerem alguma coisa para resolver os problemas de seus locais de moradia, por exemplo, eles podem tomar algumas atitudes básicas de higiene que já ajudariam a melhorar suas condições. É preciso conscientizar as pessoas de que atitudes pequenas, dentro de casa mesmo, podem causar grandes mudanças que levam a uma vida melhor. Para isso, é preciso dar atenção às comunidades. Quando as pessoas começam a ver que você está se importando com elas, deixam de lado a revolta, mudam de atitude. Até na violência isso pode interferir.


Atualmente, em que projetos sociais você está envolvida?

Sandra:
Um exemplo é o projeto que desenvolvo junto com um grupo de jovens atores a cada Natal. Nós vamos a shoppings e lugares movimentados e trocamos autógrafos e fotos por brinquedos e livros para presentear crianças carentes. Também trabalho junto a uma creche/orfanato na Cidade de Deus e faço muitos shows beneficentes para o Brasil inteiro. É no dia-a-dia que procuro fazer essas pequenas ações. Atitudes pequenas, como cobrar alimentos de ingresso para a festa de aniversário do meu filho, por exemplo, e depois distribuí-los. Mas, se a gente for juntando essas coisinhas, pode fazer mais do que a gente pensa. Nem chamo isso de obra social, porque é um dever que todos temos como cidadãos.

Voltar ao topo Voltar