A Fundação Ataulpho de Paiva (FAP) a Fiocruz lançaram nesta quinta-feira (23/11) o genoma completo do BCG Moreau RDJ, cepa usada na vacina aplicada no Brasil contra a tuberculose. A partir do estudo, que levou dois anos para ser concluído, pesquisadores poderão aumentar a eficácia da vacina, diminuir seus efeitos colaterais e ampliar o controle de qualidade nos processos de produção.
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No centro da imagem, os bastonetes roxos são bacilos de Koch (Mycobacterium tuberculosis) |
Nos últimos anos, cresceu muito o conhecimento dos cientistas sobre o genoma de bactérias semelhantes à Mycobacterium tuberculosis, causadora da tuberculose. Os avanços permitiram aos especialistas estabelecer uma "genealogia" das diferentes cepas de BCG (bacilo de Calmette e Guérin) e, assim, identificar fatores que interferem em sua capacidade protetora contra a doença. Com o seqüenciamento completo do genoma desses microorganismos será possível aumentar a segurança e a capacidade da vacina utilizada atualmente no país.
Também a partir dos resultados dessa pesquisa, as equipes da FAP e da Fiocruz poderão desenvolver kits de verificação genética detalhada, o que permitirá um controle mais rigoroso da qualidade das vacinas. Além disso, o estudo abre caminho para a elaboração de vacinas recombinantes, ou seja, que contenham, inseridas no BCG, genes que codificam antígenos relacionados a outras enfermidades, como tétano e varicela. A inserção desses genes aumentaria o poder de proteção da vacina, que poderá conferir imunidade a diferentes doenças.
Sobre a tuberculose
Embora não tenha, nos meios de comunicação, destaque semelhante ao oferecido a doenças como dengue e Aids, a tuberculose é um problema grave no Brasil: atinge cerca de 85 mil pessoas por ano, sobretudo entre as classes menos favorecidas, já que sua proliferação está intimamente relacionada às condições precárias de vida, como a aglomeração de muitos indivíduos vivendo em um mesmo cômodo. Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis (também conhecida como bacilo de Koch), a doença é transmitida pelas vias respiratórias, por meio de gotículas de escarro eliminadas pelo enfermo quando este tosse ou espirra. Seus principais sintomas são tosse prolongada por mais de três semanas, mesmo sem febre, catarro, febre acompanhada de muito suor, perda de apetite e emagrecimento. O tratamento indicado, à base de antibióticos específicos, é 100% eficaz se seguido corretamente por cerca de seis meses.