Serviço oferece método ocupacional a pacientes com doenças infecciosas

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Isis Breves
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“Aqui vivo um momento só meu e esqueço os meus problemas”. Essa é a fala de IOM, portadora do HTLV e freqüentadora do Ateliê da Saúde, que funciona no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) da Fiocruz. O Ateliê é um projeto assistencial com proposta de humanização e acolhimento a pessoas com doenças infecciosas, inclusive a Aids, e é oferecido pela Seção de Psicologia do Ipec. O projeto recebeu uma menção honrosa no 7º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva da Abrasco, transformou-se em dissertação de mestrado de ensino em biociências e saúde e foi debatido na Semana de Ciência e Tecnologia do Instituto Oswaldo Cruz, conforme relata a coordenadora do programa, a psicóloga Márcia Franco da Silva.


 Tapeçaria <EM>Castelinho</EM>, feita pelo paciente FCS (Foto: Sonia Neves)

Tapeçaria Castelinho, feita pelo paciente FCS (Foto: Sonia Neves)


O Ateliê da Saúde é uma experiência de praxiterapia, ou seja, é um método ocupacional, também conhecido como laborterapia. “A laborterapia ajuda a manter a saúde psicológica dos pacientes e os objetivos do ateliê são elevar a auto-estima, estimular a criatividade, promover a socialização, diminuir a estigmatização e os preconceitos, recuperar a identidade e a cidadania, promover maior adesão ao tratamento e valorizar a vida com prazer”, argumenta Márcia.


As atividades desenvolvidas no Ateliê são as de topiaria, tapeçaria e educação popular não formal em saúde. Mas já houve aulas de alfabetização, crochê, pintura, contadores de histórias, ioga, coral e violão, entre outras. “A idéia de utilizar a arte está relacionada ao caráter lúdico e terapêutico dessas atividades, visando proporcionar momentos de prazer aos usuários. Nossa preocupação é despertar em cada um do grupo algo de valor que expresse pelas atividades que são orientadas por voluntários”, diz Márcia.


Os pacientes recebem orientações sobre a técnica de confecção dos trabalhos artesanais de voluntários, o que contribui para melhorar a qualidade de vida, além de ser um espaço para tratamento e reflexão. “Esse espaço ajuda muito na adesão do tratamento, pois temos a oportunidade de trocar experiências uns com outros. Muitas vezes, já pensei em parar meu tratamento, mas recebi apoio do grupo para continuar. Além dessa troca, ainda temos a oportunidade de fazer um curso de artesanato de graça”, conta PBC, portador de HIV, HTLV e hepatite.


O projeto começou suas atividades em 2001 e está em funcionamento no Centro de Clínicas do Ipec. “O ateliê está aberto a novos voluntários e até 2006 cerca de 180 usuários puderam participar das atividades para expressão de sentimentos relativos a expectativas e angústias sobre os seus quadros clínicos”.