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11/12/2015

Simpósio debate aspectos cognitivos dos sistemas nervoso e imune

Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)


O IV Simpósio sobre Cognição Imune e Neural reuniu, nos dias 03 e 04 de novembro, 52 pesquisadores e estudantes interessados em estudos que integram a neurociência e a imunologia. Promovido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Academia Nacional de Medicina (ANM), o evento contou com onze palestras, nas quais foram discutidos temas ligados a consciência, memória, processos de reconhecimento, impactos das infecções na cognição e plasticidade cerebral, entre outros aspectos cognitivos da imunidade inata. Resultados de pesquisas em andamento na área também foram abordados em nove apresentações de pôsteres.

Um dos coordenadores do encontro, o chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC, Claudio Tadeu Daniel-Ribeiro, afirma que os cientistas brasileiros se destacam no campo da neuroimunologia. Segundo ele, muitas pesquisas são voltadas para os danos neurológicos causados por doenças mediadas por processos imunológicos, como o lúpus eritematoso sistêmico e a sarcoidose. Da mesma forma, diversos trabalhos investigam o acometimento cerebral em doenças infecciosas que atingem o sistema nervoso diretamente – o que se verifica nas meningites e na neurosífilis – ou indiretamente – como ocorre na malária. No entanto, o Simpósio sobre Cognição Imune e Neural busca estimular o desenvolvimento de estudos em uma área ainda pouco explorada pelas pesquisas. “Em nível internacional, parece haver uma lacuna em relação ao que poderíamos chamar de ‘neurociência cognitiva’, que considere as semelhanças e diferenças nos mecanismos e fenômenos de reconhecimento de objetos nos sistemas nervoso e imune. Nosso objetivo é fomentar este debate através da criação de metáforas comuns aos dois sistemas, como diz o também coordenador do evento Sidarta Ribeiro”, declarou o malariologista.

Durante o Simpósio, Claudio Ribeiro e o diretor do IOC, Wilson Savino, participaram de mesas-redondas que debateram o tema ‘Interfaces possíveis: Imunologia e Neurociência hoje’. Já a pesquisadora Flávia Lima Ribeiro Gomes, do Laboratório de Pesquisa em Malária, apresentou a palestra ‘Neutrófilos e células dendríticas: modulação da apresentação de antígenos na infecção por Leishmania’. O biofísico Marcello André Barcinski, que atuou no Laboratório de Biologia Celular e foi coordenador da Câmara Técnica de Pesquisa do IOC, abordou o assunto ‘Apoptose e mimetismo apoptótico: discriminando imunidade, inflamação e anti-inflamação’.

Em sua primeira edição fora do Rio de Janeiro, o IV Simpósio sobre Cognição Imune e Neural foi realizado em Natal, no Rio Grande do Norte. Participante de duas edições anteriores e um dos coordenadores do evento em 2015, o diretor do Instituto do Cérebro da UFRN destacou a qualidade das discussões científicas. “Foi um encontro muito produtivo. A cada edição do Simpósio, neurocientistas estão mais educados sobre as questões da imunologia, e imunologistas compreendem melhor a neurociência. Isso criou um patamar diferente de interação, porque falamos com mais propriedade sobre essa transdisciplinaridade”, avaliou Sidarta, citando como exemplo o debate sobre as características da memória em cada sistema. “No sistema imune, podemos dizer que a memória existe a priori. O organismo produz uma grande variedade de células de defesa e quando um antígeno é encontrado, há uma seleção clonal. Já no sistema nervoso, a memória é uma construção. No entanto, existem cascatas metabólicas comuns nos dois sistemas e esse foi um dos pontos em que avançamos nessa edição”, comentou.

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