01/06/2017
Blog 'História, Ciências, Saúde - Manguinhos'
O Jornal Nacional, da TV Globo, dá mais espaço a notícias sobre ciência e tecnologia (C&T) do que o seu similar colombiano, o Noticias Caracol, do Canal Caracol, do Grupo Valórem, um dos mais poderosos do país. Foi o que descobriram pesquisadores do Brasil e da Colômbia numa pesquisa conjunta que teve como objetivo analisar e comparar como os principais telejornais dos dois países latino-americanos tratam assuntos de C&T. Os pesquisadores estudaram um período de um ano – de abril de 2009 a março de 2010 – e verificaram que o telejornal brasileiro veiculou mais matérias de C&T, mais longas, com mais recursos visuais e mais destaque nas edições, além de uma cobertura mais estável ao longo do tempo.
No artigo A cobertura de ciência em telejornais do Brasil e da Colômbia: um estudo comparativo das construções midiáticas, publicado na atual edição de História, Ciência e Saúde - Manguinhos (vol. 24, n. 1, jan./mar. 2017), Marina Ramalho, Tania Arboleda, Daniel Hermelin, Gabriela Reznik e Luisa Massarani revelam que o Jornal Nacional apresentou mais que o dobro de matérias de ciência (77) que o Noticias Caracol (38) – uma média de 1,1 matéria de C&T por edição no telejornal brasileiro contra 0,5 no colombiano. A duração média das matérias brasileiras também foi maior – 135 segundos, contra 101 -, assim como o destaque dado: 46,8% contaram com chamada na abertura do jornal, contra 28,9%.
Os pesquisadores também observaram que os dois telejornais priorizaram a divulgação de novas pesquisas ou resultados e que, em ambos, as áreas de conhecimento mais recorrentes foram medicina e saúde, seguidas por ciências ambientais, ciências biológicas e ciências exatas e da Terra. No JN, também ficaram em segundo lugar as engenharias e tecnologias, que no NC representaram apenas 2,6%. Já as ciências sociais e humanidades tiveram mais espaço no jornal colombiano, ocupando o segundo lugar, como se observa na tabela ao lado.
Nos dois telejornais, a abordagem em torno da ciência tendeu a ser mais positiva do que negativa. Os dois também priorizaram as notícias sobre ciência nacional – característica considerada positiva pelos autores. O estudo identificou ainda que a menção a controvérsias científicas foi pequena em ambos, o que, segundo eles, “tende a limitar o debate público sobre a ciência, já que não a retrata como algo passível de questionamento e em constante definição.”
Confira o artigo na íntegra.
Na AFN
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