Trabalho recupera óbitos de 1950 a 2000 e traça panorama das doenças crônicas

Publicado em
Paula Lourenço
Compartilhar:
X

As transformações políticas, econômicas e demográficas ocorridas no Brasil na segunda metade do século 20 geraram mudanças significativas no perfil epidemiológico da população. Se, na primeira metade do século passado, as pessoas adoeciam e morriam por doenças infecciosas e parasitárias, atualmente, no país, essa tendência tem diminuído. As doenças crônicas não transmissíveis, conhecidas também pela sigla DCNT, são as principais causas de morte entre os brasileiros nos dias de hoje. Na lista dessas enfermidades aparecem as doenças do aparelho circulatório (DAC), o diabetes mellitus e os vários tipos de câncer (neoplasias malignas).


 O crescimento desordenado das periferias foi um dos fatores responsáveis pelas mudanças no perfil epidemiológico no Brasil (Foto: CpqGM/Fiocruz) 

O crescimento desordenado das periferias foi um dos fatores responsáveis pelas mudanças no perfil epidemiológico no Brasil (Foto: CpqGM/Fiocruz) 


Dados do Ministério da Saúde (MS) revelam que, em termos proporcionais, o grupo das doenças do aparelho circulatório mostra-se como a primeira causa de morte em todas as capitais brasileiras, com 27,9% dos óbitos. Em segundo lugar, está o grupo das neoplasias, com 13,7% das mortes. Entre as dez primeiras causas de morte da população, a diabete, isoladamente, é a terceira principal causa, com 3,8% dos óbitos.


A observação dessas mudanças e a compilação dos dados fazem parte de um estudo de resgate histórico desenvolvido no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz em Pernambuco. “Percebemos que há uma insuficiência de estudos que recuperem as mudanças na sociedade brasileira que influenciam a ocorrência das DCNT”, pontuou a sanitarista Eduarda Cesse, autora do trabalho que fez uma recuperação de séries históricas de óbitos por esse grupo de causas no período de 1950 a 2000.


A pesquisa teve como base a exploração bibliográfica e documental e a reconstituição de séries de mortalidade a partir de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do MS. O estudo foi mote da tese de doutorado em saúde pública, orientada por Eduardo Freese e com co-orientação de Wayner Souza.


Inversão epidemiológica


Matriz


Desigualdades