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09/01/2007

Transferência tecnológica de medicamentos entre Brasil e Ucrânia gera economia ao MS

Taís Motta


O diretor do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fiocruz, Eduardo Costa, acompanhado da coordenadora de Assistência Farmacêutica, Jamaira Giora, e a chefe da Divisão de Assuntos Regulatórios da unidade, Valéria Esteves, partem esta semana para Kiev, capital da Ucrânia. A viagem faz parte do acordo de transferência tecnológica de medicamentos entre a Fiocruz e o instituto ucraniano Indar. Numa mão, vão os anti-retrovirais do Brasil para a Ucrânia e, na outra, vem a insulina humana recombinante da Ucrânia para o Brasil. Além do protocolo de intenção assinado há cerca de dois anos, foram já fechados um contrato em julho de 2006 e um protocolo de pesquisa conjunta na área de produtos para diabetes, com recursos de ambos os institutos e compartilhamento de patentes.


 Linha de produção de medicamentos em Farmanguinhos (Foto: André Az)

Linha de produção de medicamentos em Farmanguinhos (Foto: André Az)


Pouco mais de um mês após a assinatura do contrato, o preço da insulina que o Ministério da Saúde comprou, em maio de 2006, por R$ 17,35, caiu em setembro para R$ 9,18 (Eli Lilly) e R$ 9,19 (Novo Nordisk) por frasco. O valor coincidiu com o preço estimado que seria vendido ao Ministério da Saúde por Farmanguinhos quando estiver produzindo, segundo o plano de negócios anexo ao contrato assinado dois meses antes.


Essa economia para o Ministério da Saúde, de quase R$ 80 milhões, permitirá a construção de uma fábrica. O prosseguimento dos planos de Farmanguinhos vai assegurar que não haja nova duplicação dos preços. A fábrica da Fiocruz poderá produzir mais de dez milhões de frascos por ano e entregará ao Ministério da Saúde cerca de 50% das compras, ou cinco milhões de frascos anuais. A decisão segue o exemplo da Ucrânia, onde o Indar, que é uma sociedade de economia mista, entrega 60% das compras do Ministério da Saúde local para manter o ambiente de competitividade que estimula a inovação tecnológica. O excedente da produção de Farmanguinhos poderá ser vendido no Mercosul ou para países da África em comum acordo Farmanguinhos/Indar.


Na volta de Kiev o diretor de Farmanguinhos visitará o Imperial College, em Londres, para discutir uma proposta de cooperação científica e tecnológica. Ele deverá se encontrar com os pesquisadores Steve Brochini e Sunil Shaunak, que desenvolvem metodologia para superar a monopolização pelas grandes multinacionais de produtos farmacêuticos - o que tem determinado preços elevados. A proposta dos investigadores ingleses está sendo conhecida como Farmácia-Ética e Eduardo Costa assegura que Farmanguinhos está preparado para absorver os benefícios da cooperação e repassá-los para ampliar o acesso da população brasileira aos medicamentos essenciais de que necessita.

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