Nas últimas décadas, tem sido observado o envelhecimento da população brasileira resultante das ações de promoção e prevenção da saúde. Esta mudança tem alterado o padrão de ocorrências, apresentando diminuição no número de casos de doenças infecto-contagiosas, e o aumento de doenças crônico-degenerativas, como a osteoporose (perda de massa óssea). Com o objetivo de promover uma opção mais prática e com menor custo para rastrear populações que apresentam maior risco de fraturas, a ginecologista Patrícia Oliveira, mestra em saúde da criança e da mulher pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF), unidade materno-infantil da Fiocruz, desenvolveu a pesquisa Prevalência do risco de fraturas estimado pela ultra-sonometria óssea de calcâneo em uma população feminina na pós-menopausa.
O estudo analisou 385 mulheres da Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, com média de idade de 64 anos e cerca de dez anos na menopausa, exceto aquelas que apresentavam edema nos pés, impossibilidade de posicionamento ou uso de pinos metálicos. A partir de medidas como peso, Índice de Massa Corporal (IMC) e percentual de gordura localizada, foi feito o exame de ultra-sonometria óssea (USO), método mais prático e de menor custo usado para medir a qualidade dos ossos por meio de ondas sonoras.
A orientadora do estudo, Lizanka Marinheiro, explica que a prolongação da vida tem feito com que as mulheres permaneçam mais tempo na pós-menopausa, o que as torna mais suscetíveis ao enfraquecimento dos ossos e, conseqüentemente, ao risco de fraturas. Estima-se que a chance de uma mulher apresentar fratura de quadril seja maior do que a somatória de possibilidades de desenvolver câncer de mama, útero ou ovário durante toda a vida. O método considerado padrão pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é a densitometria óssea, usado para analisar a densidade dos ossos. “Como o risco para fraturas em mulheres é elevado, a ultra-sonometria óssea surge como mais uma opção que possibilita o diagnóstico precoce das pacientes em risco para fraturas e, conseqüentemente, impede o avanço da doença”, destaca a orientadora.
Para Patrícia, embora o estudo constate que uma parcela significativa da população feminina apresenta algum grau de risco para fraturas, quase sempre agravado quando associado à idade, tempo de menopausa e características físicas, a nova técnica usada é muito recente e deve ser empregada como mais uma opção e não como uma alternativa. “O que há de mais concreto e eficaz no tratamento da doença é a política de prevenção e conscientização da população, por meio do estímulo ao consumo de cálcio, encontrado principalmente no leite e seus derivados, e à prática de exercícios físicos desde a juventude”, conclui a pesquisadora.